Nós duas somos totalmente diferentes. Muitas vezes, pessoas se aproximam de mim com mais facilidade, porque sentem necessidade de me proteger, só porque eu demonstro ser sensível, minha irmã não, ela parece que nunca precisa de ajuda!
Neste momento, Letícia aproxima de nós com seu cavalo e diz:
- Juliano, quantos anos você tem?
- Eu tenho vinte e nove anos... Por que a curiosidade?
Perguntou curioso ao responder.
- Porque gosto do seu modo de agir, de interagir com as pessoas. Você tem uma facilidade enorme de se expressar, e isto, para mim, muitas vezes se adquiri com o passar do tempo. Se nota que você é um homem maduro e decidido, parece que sabe o que deseja e não tem medo do que poderá vir ao seu encontro.
Letícia responde mostrando admiração
- Você tem razão. Eu sou assim mesmo, já errei muito, mas agora procuro evitar erros. Mas quando se trata de sentimentos no campo amoroso, eu ainda sou um pouco insensato e faço coisas sem pensar, como se agisse com impulsos incontroláveis.
Concordou Juliano dando mais referencias de sua pessoa.
- O que por exemplo?
- Eu procuro deixar sinais óbvios, mesmo sabendo que a pessoa possa já estar com alguém, por exemplo.
Responde sorrindo, enquanto eu, próxima daquela conversa, só estava atenta ao que diziam...
Letícia continua falando de um modo convicto.
- Como por exemplo minha irmã?
- Letícia! Mas o que você está dizendo?
Me assustei quando me usaram de exemplo.
- Olívia, eu não sou cega e sei que entre vocês está nascendo algo. Juliano não estaria conosco, assim continuamente, se não tivesse tido interesse por você. Afinal, somos dois casais já formados ali no sítio e que motivo Juliano teria de ficar ali, em torno da gente, sabendo disto?
Geralmente quando situações assim existem, pessoas não gostam de interferir. Mas, como Juliano é impulsivo como explicou, o faz ter coragem de demonstrar o porquê de estar ali...
Fala Letícia confirmando o que pensa de existir.
- Sua irmã é linda e realmente me chamou muita atenção. Mas eu estava ali, Letícia, só porque Lucas me convidou. Eu sou sim, impulsivo, mas jamais iria a um lugar se não fosse convidado e não vejo nada de errado um amigo estar no meio de casais. Afinal, vocês não estariam em orgia, era apenas um encontro casual entre amigos.
Quanto a sua irmã, se eu pudesse conhecê-la melhor, eu desejaria sim. Desejaria muito, mas acho que cheguei muito tarde.
"Por que ele tem coragem de dizer tudo isto? Por que ele está anunciando para todos o interesse em mim? Eu sinto vergonha quando ele fala assim. Deveria ser uma coisa íntima, sigilosa, mas ele insiste em anunciar."
Quando estávamos quase chegando, podendo avistar a casa de Cornélia, Letícia continua a falar:
- Eu sabia que estava certa! Até um cego pode ver que não estou errada!
Neste momento, me alterei:
- Por favor, Letícia, eu não quero estar aqui a falar deste assunto. Se existe algum interesse aqui, é só da parte dele, e eu sou pior que um cego, pois, não vi nada disto.
Ele nesta hora gargalhou, por saber o quanto eu estava mentindo.
Me senti aliviada quando naquele mesmo momento, poderíamos descer do cavalo, estando diante da casa de Cornélia.
Era uma casa simples, mas aconchegante. Sua casa havia um toque feminino e muito pessoal. Ela tinha bom gosto... se podia ver só olhando a entrada da casa com todas aquelas plantas dentro de gaiolas como se quisesse dizer que os pássaros, ali, jamais poderiam ser aprisionados.
Depois de todos os abraços e sorrisos, ela nos fez entrar querendo mostrar toda a casa.
Como era linda a casa! Era simples, mas realmente aquele toque feminino a fez diferente.
Cada ângulo da casa se via algo diferente.
Eu e Letícia ficamos apaixonadas com tudo que via.
Ao entrar havia uma pequena saleta que nos levava para os quartos e cozinha... Nesta saleta ela criou uma decoração invejável a meu gosto.
Em uma parte havia uma parede que em vez de colocar quadros, colocou algo muito diferente. Pareciam peneiras coloridas que vendiam naquela região.
Na outra parede havia em um móvel envelhecido e com muitos retratos colocados dentro de garrafas de vidros.
Era encantador e tudo muito limpo!
Até Letícia se deslumbrou com o lugar, desejando fazer o mesmo quando a casa retornássemos.
- Belo! Belo!
Dizia para Cornélia.
Letícia amava decoração e sempre diz em querer ser uma decoradora e ao ver tudo aquilo a incentivou mais ainda. Ficou muito admirada com Cornélia, pois não a conhecia muito com eu a conhecia. Eu já sabia desse seu amor pela arte e livros.
A casa era toda branca, parecíamos estar na Grécia! Cada ângulo tinha seu toque de mão e ela dizia que havendo as ideias, Antônio as produzia, por ter um grande dom com as mãos em trabalhos artesanais.
Quando criança seu pai o ensinava, por ter sido um artesão. Agora o pai de Antônio, já não existia mais, mas deixou grandes ensinamentos ao filho.
Não precisava de tanta riqueza para ser feliz e poder criar um cantinho de amor.
- Agora vou mostrar o meu quarto!
Falou Cornélia toda feliz de nos ver ali.
Juliano em vez de nos seguir, ficou do lado de fora a conversar com Antônio porque Eduardo ainda dormia... Todos aqueles momentos que estávamos vivendo, eram momentos femininos preferindo não atrapalhar.
E ao abrir o seu quarto, ficamos extasiadas com a simplicidade, criatividade e todo o toque de amor que tinha ali dentro. Tudo muito branco e isto me encantava.
Havia uma cama muito simples e na cabeceira dela havia um painel com fotos de momentos vividos com Antônio. Era em forma de um coração.
Havia
uma pequena cômoda que em vez de usar um espelho, ela criou uma árvore
na parede onde as folhagens eram pratos de porcelana.
Letícia desta vez gritou ao brilhar seus olhos:
- Que lindo! Lindo demais, eu tenho que fazer igual a você Cornélia, eu amei tudo! Você é muito criativa. Quero aprender com você como é que se faz.
- Será um prazer poder te ajudar quando desejar.
Falou Cornélia toda feliz. Seus olhos demonstravam total satisfação de poder ter tido a nossa presença em sua casa.
Depois de apreciarmos este lindo quarto, ela nos levou ao quarto de Eduardo...
Ele estava dormindo agarrado com seu ursinho predileto. Seu quarto também tinha o seu jeito encantador.
Flores em bules e xícaras, era lindo demais!
Como poderia existir um lugar tão lindo como aquele perdido em confins. Dizem que os lugares mais escondidos, são os que conseguem fazer nossos olhos se enriquecer, por ter em domínio a natureza!
Não via a hora de poder brincar com aquela criança que ainda parecia um bebe!
Ele era lindo demais. Eu adoro crianças e por ser filho de Cornélia, teria privilégios.
Ao chegarmos na cozinha, Cornélia oferece milho, e isto, era tudo que eu não via a hora de comer.
- Tem milho cozido, eu preparei, Olivia! Você desejou, então fui logo preparando. Vou servir para vocês e enquanto se deliciam com ele, vou mostrar os fundos da casa, tem um enorme quintal!
E assim fizemos, cada uma com uma espiga de milho na mão, comendo feito loucas... parecia que nunca havíamos provado nada igual. Ela abriu a porta da cozinha nos fazendo ver o vasto campo de gramas e Letícia foi dizendo:
- Olha, Olivia, aqui também tem um chuveiro, lá fora!
E olhando, me encantei não só com o chuveiro, o campo, mas também com a riqueza de detalhes que ela criou, como por exemplo, ao olhar um banco de jardim, ter em cima uma chaleira cheia de flores. Era lindo demais de se ver!
Havia uma muro, perto da casa, que isolava a casa de outra parte das terras, e neste muro ela também teve a sua criatividade, usando vasilhas velhas para plantar as suas flores.
Cornélia amava a terra, amava plantar. Ela gostava de ver que suas mãos seriam capazes de fazer crescer uma planta ao ponto de desabrochar flores, que ao olhar, pareciam contentes de ter germinado ali, onde encontraria amor!
Vendo o sorriso de Cornélia e minha irmã cada vez mais extasiada, querendo entrar debaixo daquela água eu comecei a pensar sobre a felicidade e amor...
"Amor é uma palavra tão extensa. É muito mais que amar um alguém, é amar a vida, os seres de todas as formas, como por exemplo, não deixando morrer uma pequena planta, se sentir amor por ela!
Amor é muito mais que felicidade! Mesmo estando triste, continuamos a amar e lutar para estarmos serenas.
Felicidade, para mim, são momentos que passam em nossas vidas que ao recordar, faz os nossos semblantes sempre estarem radiantes! Nem sempre somos felizes, mas sempre podemos amar!
Ao relembrarmos coisas que vivemos onde existiu amor, a felicidade pode renascer, mesmo se existiu dor, fazendo recordar momentos divinos como este que estou vivendo! São momentos completos, é um tudo: amizade, beleza de natureza, beijos, prazeres, brigas, degustação, sorrisos, sexo, dor, sofrimento, calor, muito calor. É um tudo..."
Antônio e Juliano estavam sentados em um banco do quintal, quando decidiram sair para buscar o carro de Juliano que estava na oficina. Era com este carro que ele iria connosco para a Chapada dos Guimarães. Saíram dizendo que voltariam rápido.
Letícia, neste instante, falou:
- Não demorar... Eu quero ver o rio que você falou, queria me bronzear.
Juliano responde que não iria demorar.
Cornélia diz:
- Quando Eduardo acordar, eu levo vocês. Eu adoro aquele lugar, mas nunca vou por sempre estar sozinha. Vou adorar ir com vocês.
- Faz isto Cornélia, depois, eu vou ao encontro de vocês.
Responde juliano e, em seguida, sai se despedindo com um sorriso para mim.
- Mas, onde estão os namorados?
- Foram no armazém para controlar o carro, logo estarão aqui. Lucas vem nos buscar, pois amanhã, bem cedo, iremos na Chapada. Seu irmão também vai.
Responde Letícia enquanto eu comia o milho verde. Ela colocou um panelão deles na nossa frente e eu comia um pensando em comer outro.
Cornélia ficou surpresa e fala:
- Juliano vai com vocês? Não deveria... O que vai fazer no meio de dois casais?
- Lucas o convidou, dizendo que ele conhece aquele lugar como ninguém, e assim, poderá nos orientar. Ele aceitou, mas para dizer a verdade, eu acho que Juliano...
- Letícia, não inventar! Já vai você falar o que não existe.
Falei nervosa. Tudo isto estava me deixando constrangida.
Deixei Cornélia curiosa e desconfiada.
- Falar o quê? Não vai me dizer que Juliano está...
- Sim, ele está louco por Olívia!
- Verdade? Minha Nossa Senhora do Socorro, o que vocês estão me contando? Olívia, minha Bonequinha, não dê confiança para meu irmão, não vai estragar o que você tem conquistado. Júnior é uma pessoa maravilhosa com você, não merece isto e meu irmão é impossível, não leva nada a sério. Ele pode te machucar, por isto. Eu vou ter que falar com ele.
Falou Cornélia bem nervosa.
- Não, Cornélia, não! Por favor, não fale nada com ele, afinal, não existe nada disto, e se todos começarem a falar, ai sim vai ferver esta situação, até chegar nos ouvidos de Júnior e isto, eu não desejo.
Cornélia, eu achei o seu irmão lindo demais quando o vi, lá no hospital.
Eu vou contar para vocês, mas por favor, quero que guardem segredo disto, ouviu, Letícia? Eu não contei isto para ninguém, mas quando o vi, lá hospital, além de chamar muita a minha atenção... minha nossa, Cornélia, seu irmão é lindo demais e não só lindo, mas também, o jeito dele que parece do jeito que eu gosto. Ele é decidido no que faz... então, lá no hospital, quando saí do quarto onde estava Eduardo, ele pegou na minha mão sem que eu esperasse, mas eu gostei.
- Ai minha Nossa Senhora do Amparo, este meu irmão ainda vai me deixar louca! Só faz coisas sem pensar, onde já se viu agir assim...
Falou Cornélia ainda mais nervosa.
- E, por que você ficou calada em, minha irmã? Confessa vai... você gostou, por isto, ficou quieta ao ponto de dar esperanças para ele.
- Não, eu não pretendia isto. Letícia, eu estou com Júnior e estou gostando e quero levar a sério a minha história com ele. Se Lucas não tivesse levado Júnior na rodoviária, talvez, tudo agora, fosse diferente. Poderia ter levado os dois, assim, eu poderia ter escolhido. Seria bem melhor, do que iniciar a ficar com alguém sem ter tido a oportunidade de escolher.
- Você tem ideia do que está falando, Olívia?
Fala Letícia irritada comigo continuando a falar:
- Isto que você está dizendo, é como se dissesse que está com alguém só por não ter outro. Então, como você pode dizer que isto é amor. Isto não passa de uma aventura e você não consegue entender. Não se pode dizer que está amando alguém, em menos de um mês, isto não existe, Olívia. Ainda mais agora, ouvindo você dizer que não teve escolha.
Ela estava irritada... Cornélia estava ali só observando Letícia falar, parecia estar gostando.
- Nós estamos aqui nesta aventura, nem o meu namoro de quase três anos não sei se vai continuar. Você, Olívia, sabe o quanto uma distância pode atrapalhar... pois, você já viveu isto, e te fez sofrer. O que você tem de fazer, minha irmã é curtir estes momentos que não voltam mais.
- Nisto a sua irmã tem razão, Olívia Tudo ainda é muito cedo para saber o quanto isto pode ser amor de verdade, daqueles que a gente não deseje que termine nunca.
Falou Cornélia.
- Olívia, lembra quando chegamos e... ao ver Júnior você não o desejou, e eu te incentivei dizendo de aproveitar os momentos e se caso nascesse algo entre vocês, não deixasse de aproveitar? Me lembro de dizer que era uma coisa passageira, mas que estaria por toda a vida dentro de seu ser.
- Sim, eu me lembro...
- A culpa não foi de Lucas por você tomar a decisão de estar com ele, você desejou. Agora, surgiu Juliano e está confundido a sua cabeça para te mostrar que, tudo isto, é apenas aventura. Mamãe tem toda razão quando disse para você não se prender a nada, pois existe esta distância, é demais.
Na minha opinião, você tem mais é que dá uns beijos em Juliano...
Aconselha Letícia.
- Letícia, mas o quê está dizendo? Eu não quero fazer isto.
Respondi.
- Eu acho que ela não deve fazer. Meu irmão eu conheço. Ele pode tentar sem fim de estar com ela, mas é só fogo de palha, está sempre iniciando algo, mas quando a gente vê já não quer mais.
Falou Cornélia.
- Mas, Cornélia, é isto que estou dizendo, fogo de palha. Olivia deveria fazer o mesmo com eles, e viver um fogo de palha. Tanto, ela vai embora, daqui a alguns dias, e seria um pecado ela não provar o beijo de Juliano. Ele é seu irmão, mas para quem não o vê como um irmão, sente desejos, porque seu irmão é um gato!
Se eu estivesse no lugar de minha irmã, a cada moita fechada que existisse, eu escapava com ele para beijá-lo. Tanto, ele sabe que será o outro, não vai poder fazer nada.
Falou dando enormes gargalhadas junto a Cornélia que além de rir, dizia:
- Vai ser o outro, mas tentando convencer de ser único, igual muitas mulheres procuram fazer, enquanto, o outro vai ser chifrado!
- Parem, vocês estão ofendendo quem eu gosto muito! Júnior não será um chifrudo, não, ouviram.
Falei ofendida e enraivecida.
- Se depender de meu irmão, bonequinha, ele vai ser sim. Eu conheço meu irmão e sei do que pode fazer.
Responde Cornélia.
- Letícia, você falou dele ser o outro e não poder fazer nada para atrapalhar o meu namoro, mas sempre escuto dizer que homens não aceitam isto, e vão logo dando um ultimato, ou eu, ou ele. Não fazem como mulheres que vão empurrando e aceitando.
- Quem foi que te disse isto? José de Alencar, Castro Alves? Porque do jeito que você está falando, só se você andou viajando no túnel do tempo, porque neste nosso tempo moderno, os homens estão querendo que você tenha uns dez relacionamentos para não encher a paciência deles. Acredita em mim maninha, eu sei o que estou dizendo... eles gostam disto!
Esclarece Letícia o meu ponto de vista. Então, falo.
- Letícia, você fala de um jeito que parece que já experimentou. E namorado, até hoje, você só teve dois, então me explica isto minha irmã... você andou traindo Lucas?
Perguntei muito curiosa quando Cornélia fala:
- Espera! Não responde agora porque tenho de pegar Eduardo, ele está chorando, mas eu não quero perder nem um minuto desta confissão.
Cornélia estava muito agitada e alegre, éramos a sua alegria e se o assunto era homens, ela adorava. Correu o mais rápido que pôde para pegar seu filho e quando voltou estávamos em silencio comendo milho a esperar por ela. Ao voltar, disse que Eduardo voltou a dormir e foi logo pedindo para continuarmos. Letícia deveria se confessar...
- Claro que eu andei traindo o Lucas! No inicio, sim, pois ele era um mulherengo de primeira. Você se lembra quando Pedro levou um amigo, para passar um fim de semana em nossa casa, quando Lucas teimou comigo, querendo ir em uma excursão, onde não queria me levar?
Falou Letícia.
- Sim, me lembro, foi com ele?
Perguntei.
- Quem é Pedro?
Perguntou Cornélia curiosa, não entendendo bem as coisas.
- Pedro é o ex namorado de Olívia.
Respondeu Letícia continuando....
- Pois então, foi com ele, o amigo de Pedro.
Lucas inventou esta viagem só com amigos e dizia que eu não poderia ir. Fiquei muito enraivecida e desconfiada, porque ele e os amigos estavam sempre em confidências... Então, quando ele foi, no mesmo tempo, chegou o amigo de Pedro, e ai, não pensei duas vezes. Estava com muita raiva dele. Eu sabia que ele poderia me trair quando estivesse longe de mim, por isto, fiz o mesmo.
- Mas, que ideia mesquinha, Letícia, não se faz uma coisa errada só porque pensa que alguém possa fazer primeiro com você. Não sei com quem você aprende estas coisas, porque com nossa mãe seria impossível aprender. Mas, ele descobriu?
Perguntei querendo saber se Lucas aceita algo assim.
- Claro que não! Ele terminaria comigo na hora, você conhece Lucas, ele nunca poderia aceitar... Estas coisas a gente nunca fala, Olivia, vai para o túmulo com a gente!
Respondeu Letícia com a maior naturalidade.
- Não disse! Eu estava certa quando te falei que tem coisas que vão para o túmulo com a gente. Sua irmã pensa como eu. Não digo que deveríamos sempre errar e esconder, mas tem coisas que erramos e falar seria o fim, uma catástrofe!
Falou Cornélia toda satisfeita de ter razão.
- Olívia, eu queria te dizer outra coisa para finalizar este assunto e para te convencer de fazer o que você deseja.
Falou Letícia.
- O que é? Quero que saiba que não desejo nada! Tanto, não vou seguir seus conselhos mesmo. Você não me convence porque eu sei o que eu quero!
- Quero te dizer que Júnior não é este santinho apaixonado não, viu!
Lucas conta que ele não tem paradeiro. Adora viajar e, cada fim de mês, vai em algum lugar e cada lugar tem uma aventura, ele não se prende com nada, adora a liberdade dele.
Talvez, com você tudo vai mudar, mas este é o jeito dele e seria muito difícil depois de estar longe de você, não fazer mais as coisas que fazia.
Olívia, Júnior é uma bela pessoa, mas é muito jovem e seria difícil se prender por este motivo e também, por ainda não ter uma profissão onde poderá levar um relacionamento a sério. Ele pode até estar desejando, mas é difícil.
Tudo isto que vocês estão vivendo são lindos sonhos, eu gosto de ver vocês juntos e são sonhos que até poderão se realizar, mas ele terá de mudar muito. Você nem tanto, mas ele sim. Você para dizer a verdade, teria de mudar para o outro lado, sendo mais livre e não se preocupar tanto, para não sofrer.
Fiz um silêncio dentro de mim quando ouvi minha irmã falar tudo aquilo. Ela com toda a sua realidade consegue me ferir. Eu sou muito romântica e acredito em amor... Acredito que alguém possa amar tanto um outro alguém, ao ponto de lutar para estarem juntos e minha irmã falando, tirou esta pequena esperança que estava nascendo em mim. Mas irmã é assim, quer o nosso bem e se a gente vai para a lua, uma irmã procura trazer a gente para a terra.
Cornélia percebeu a minha tristeza e disse:
- Bonequinha, você não pode se abalar por tudo que sua irmã falou, e sim estar contente em saber que não pode confiar tanto, vai ter que observar muito. Lembre-se que sua irmã só quer o seu bem.
Agora, até eu queria que você beijasse meu irmão, porque realmente ele é lindo!
Neste momento, Letícia fala:
- Não falei nada disto para te deixar triste. Eu quero que a Olívia, aquela que está vivendo tudo isto, esteja aqui nos alegrando e agora, vamos logo para aquele rio nadar. Será que Eduardo vai acordar ou não, vai lá, Cornélia, acorda ele...
- Vou agora acordá-lo, já passou da hora de dormir. Foi só melhorar um pouquinho que está levado como nunca, vocês vão ver o quanto eu sofro com as suas agitações!
Falou Cornélia entrando para buscá-lo.
Pouco tempo depois, nos dirigimos para as areias do rio, Letícia estava louca de vontade de se bronzear. Nos divertimos muito com Eduardo depois que acordou, parecia que me conhecia por não ter tido vergonha de estar perto de mim a brincar.
Por todo o caminho estávamos a falar ainda sobre os namorados. Tudo que Letícia via pelo caminho, dizia que Lucas iria gostar.
Não sei porquê minha irmã teve coragem de fazer aquilo no passado, mas sei que atualmente ela ama demais Lucas e é muito amada por ele. Ela não seria mais capaz de magoá-lo, acho que não...
Por todo caminho que fazíamos, víamos tanta beleza... Árvores cheias de flores, o sol a brilhar no nosso rosto, e eu vivendo alguns momentos de reflexão, falei:
- Eu queria dizer a vocês que não faria tudo isto que Letícia me propôs. Não faria... realmente, tudo isto para mim é pura folia!
Se eu decidisse ficar com Juliano, mesmo que fosse só neste período de ferias, primeiro eu falaria com Júnior e terminaria o nosso namoro. Eu não teria coragem de magoá-lo. Na minha opinião, fazer certas coisas cria uma grande mágoa.
Tudo que eu vivi até agora com ele foi muito bom, apesar de sermos diferentes. Ele tem seu jeito divertido, brincalhão e também carinhoso.
Eu gosto quando ele me faz carinho, gosto quando ele olha para mim, gosto de tudo que vivi com ele, nada foi ruim. Ele é protetivo comigo, e mesmo achando ele diferente de mim e também, depois de tudo que você falou, me fazendo pensar que ele não conseguiria estar comigo quando formos embora, eu ainda não teria coragem de magoá-lo por nada deste mundo. Se estou sentindo outras vontades, eu vou procurar canalizá-las e procurar transmitir à ele, mais ninguém!
Falava, depois de pensar muito.
- Cornélia, esta minha irmã teria que renascer novamente. Este modelo não existe mais e caso entre em pane, a gente nem encontraria peça novas para poder consertar.
Letícia ao falar fez Cornélia sorrir muito. Achou seus pensamentos muito original.
- Vocês podem achar graça e absurdo mas não vou fazer nada que me disseram porque não adiantaria trocar de namorado, o melhor a fazer é tentar se entender.
Vocês mesmo me disseram que os homens são todos iguais, então te pergunto: para que mudar?
Falei entrando em contradição com Letícia e ela respondeu:
- Sim é verdade são todos iguais mas os efeitos colaterais que alguns conseguem causar são fenomenais, diferente demais!
E é ai que esta chave do segredo... Prazeres diferentes. O seu corpo sente quando uma pessoa te provoca enorme desejo. Lucas não pode me tocar, basta um simples toque em meu corpo que eu me sinto nas nuvens...
Olivia o que você sentiu quando Juliano tocou em sua mão? Porque você se calou? São perguntas que você teria de ter respostas. Quando você estava no cavalo com ele o que sentiu? Olivia, ele no cavalo tocou novamente em você... Eu vi ele pegando em sua mão mas não falei nada. Como foi minha irmã? Porque você continuou calada?
Cornélia me olhava com carinho, demonstrando em seus olhos que Letícia estava certa em tudo que dizia então respondi:
- Eu me calei porque o seu modo de agir me surpreendeu demais. No hospital eu tremi quando me tocou, minha barriga gelou e... No cavalo eu deixei sim ele o tempo todo fazer carinho em minhas mãos. Me calei porque senti o mesmo que senti naquele momento do hospital, mas não magoaria Júnior, não teria coragem. Vou fazer como vocês me falaram, vou levar para o túmulo tudo que senti.
- Eu acho que você deve refletir muito e procurar não errar, porque seu coração está muito dividido.
Quando Letícia falou isto eu concordei com tudo que falou, mas fiquei em silêncio. Realmente não sabia mais o que deveria fazer. Em algumas coisas acho que minha irmã estava certa...
Depois de caminharmos indo ao encontro daquele rio, avistamos aquele areia que nos deixou fascinada. Isto sim é algo que não poderíamos deixar de viver porque é puro prazer!
Autora: Aymée Campos Lucas
Aventura de Louco, Todo Mundo quer um Pouco
Capitulo 18 - Parte final
Todos os direitos reservados
Segue capítulo 19
Para quem desejar ler o inicio do meu livro, este é o Link: