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Desejo Muito que Possa Apreciá-lo. São Textos e Poemas Escritos Por Mim.
Eu Gosto Muito de Escrever... Na Verdade, Eu Amo Escrever.



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Apertem os Cintos, Usem os Freios, Senão... A Fila Anda!


De Carro eu Vou sem Frescuras,
Num Encontro às Escuras... 


Quem me dera que os meus dias à frente pudessem ser como anos atrás ou... Quem me dera que os anos atrás, continuassem se repetindo da maneira que me fazia feliz! Quem me dera de não precisar recomeçar... Era tão bom do jeito que estava!
Mas o nosso querer nem sempre se realiza. Por mais que procuramos ser corretos, por mais que pensamos em estarmos fazendo o bem ou que tudo vai dar certo, tudo muda...
Eu deveria na verdade encarar estas mudanças como uma nova transformação, uma nova descoberta e com um sorriso sempre no meu rosto...Mudar é bom! Sim, mudar é muito bom... mas, eu não queria mudar nada. Que droga!
Agora, só porque resolvi fazer mudanças, hoje me encontro em uma grande Avenida em busca de uma estrada Estadual para chegar em um pequeno vilarejo que existe nas redondezas de Milão.
Estou indo para lá, porque dois amigos me convidaram. Na verdade, é um casal de amigos. Este vilarejo é cheio de montanhas, muito verde... Sabe estas casinhas lindas chamadas chalé? Pois então, estou indo ao encontro de uma delas. Acho que tudo seria maravilhoso se não houvesse um pequeno problema... Estou indo a um encontro às escuras, e ainda por cima, me encontro nesta estrada sozinha e também já está escurecendo.
Oh meu Deus... Esteja junto à mim. Tenho medo do escuro. Nem sei porque tive esta coragem, eu nunca sai de dentro da cidade. Comprei este carro e ele é um pouco antigo, não é um carro de colocar em estradas mas... Catarina insistiu!
Preciso ligar para Catarina, quero saber mais sobre este encontro...
- Oi, Marília, eu estava com o telefone na minha mão para ligar para você, que coincidência! Você já está vindo? Queria que você tivesse vindo mais cedo, este horário não é bom para dirigir, eu fico daqui preocupada. Aqui está tudo organizado para receber vocês... O amigo de Marco ainda não chegou, acho que deve estar a caminho.
- Ah, Catarina, não sei porque aceitei encontrar alguém que não conheço, principalmente em um lugar que não terei saída. Ir para uma casa de montanha, não seria um bom lugar para um encontro às escuras... Vai que eu não goste dele?
- Não deveria pensar assim. Vai dar tudo certo, nós vamos nos divertir muito, eu tenho certeza que você vai gostar. Onde você se encontra, neste momento? 
- Ainda estou na cidade... O trânsito está em completa confusão, tudo muito lento! Estou perto do estádio.


- Porque você escolheu esta estrada, Marília, deste jeito não conseguirá chegar à tempo.
- Esteja tranquila, não estou atrasada, mas... Que esta estrada está me deixando nervosa, isto é verdade.
- Deve ser porque hoje tem a partida do Milan e este caminho que você escolheu, é o mesmo caminho que nos levaria ao San Siro. Hoje tem a final do campeonato, lembra?
- Não importa, eu vou chegar.
 Catarina, você o conheceu? Sabe se pelo ao menos ele é bonito?
- Não, eu não o conheço. Marco disse que é muito simpático e que é virgem. Ele nunca...
- Será que ele está pensando que serei eu a desvirginá-lo? Coitado, não poderá esperar isto de mim.
- Não sei porque você foi inventar fazer votos de castidade... Você nem castidade tem! Quanto tempo já se passou, Marília? Quanto tempo você não beija, ou fica com um homem?
- Depois que Igor me deixou, por causa daquela idiota, feia e burra, eu prometi a mim mesma que não ficaria com ninguém pelo ao menos por 5 meses e quando o fizesse eu iria escolher, estudar bem o homem que eu escolhesse. Agora estou indo a um encontro à escuras, que loucura!

- Marília, deixa de frescura, esta coisa de escolher não adianta... Eles são sempre iguais... Não é que são iguais, é que na vida se tiver algo novo para ser desvendado, o antigo perde a graça. Principalmente se este novo jogar os faróis em cima de você, mudar a marcha, acelerar e ir na sua direção sem usar os freios! Sabe como é, né?
- Mas então me diz, porque que com você isto não acontece? O Marco nunca desvia caminho e acelera, como você consegue manter os freios?
- Quando você me viu ontem, o que você falou para mim? Você se lembra o que falou?
- Eu te elogiei, porque você mudou todo o seu visual, e seu cabelo de preto se transformou em ruivo. Eu quando vi, achei lindo!
- Este é um dos segredos minha amiga... Mudar. Mudar sempre o visual, é igual pintura de carro novo! Lembra quando fiquei loira e cacheei os meus cabelos? Depois resolvi pintar de preto e bem curto... Agora que cresceu, eles estão lisos e fiquei ruiva. 
Você Marília, desde quando te conheço, te vejo sempre do mesmo jeito. É como se não tivesse coragem de largar o fusca para comprar uma Ferrari, entende?  Você está sempre com o mesmo corte de cabelo, o mesmo modo de vestir... Você não tira o jeans para nada! Nem precisa de fazer castidade, este jeans já faz automaticamente. Tem que mudar! Homens gostam de carros novos com uma bela traseira! Use mini saias, sandálias altas, batons, esmaltes multicoloridos e principalmente um belo decote, com um super sutiã segurando tudo! Tem que ficar aprumada igual uma BMW! Aposto que todos ficariam doidos para te ter.
- Você está louca de pensar que vou mudar o meu jeito, para agradar este bando de pervertidos, sanguessuga.
- Quando eu falo todos, estou dizendo todos os personagens que tem dentro do homem que você escolheu... O Marco por exemplo gosta de tanta coisa nas mulheres e eu não tenho nem a metade do que ele gosta, então o negócio é inventar! 
Muitas vezes, quando estou ao lado dele, vejo os seus olhos arregalados para ver outro modelito que está passando... Então, ao invés de brigar, eu procuro, no outro dia, me modificar! Procuro me igualar ao visual daquela pessoa que ele olhou, e sempre dá certo! Se precisar faço igual a Barbie... Não, melhor ainda, eu viro uma bela Porsche!
- Ainda não concordo com você... Desse jeito você deixa de ser autêntica. Porque, você faz isto tudo que está falando, mas Marco não muda nem um para-choque! Ele continua sempre com aquele seu mesmo modo de ser e... você tem que ficar com o mesmo tipo de produto todos os dias. Eu não concordo mesmo! Você se sacrifica e eles não fazem nada e depois, para desfazer é uma dificuldade!
- Azar dele de não mudar... Engano seu, não é difícil desfazer... Se um dia eu me cansar, faria como o seu ex fez, o deixaria para conhecer coisas novas. A fila anda, Marília, e se não soubermos usar os freios, apertar o cinto de segurança, a gente dança, rodopia, cai no barranco!
- Isto não é amor... Isto não pode ser amor! Isto é apenas comodidade, praticidade. Você está unindo o útil ao agradável para fazer as coisas que gosta com alguém do lado. Se fosse amor, você não pensaria assim, Catariana. Você não sentiria vontade de fazer trocas só porque tem coisa nova no mercado! E por falar em mudar, será como seria este tal de Pedro? E estou tão curiosa!
- Como disse antes, não sei quase nada dele. Só sei que é bonito e é virgem... Quer coisa mais diferente que isto? Isto sim que é coisa nova no mercado, zerado!
- Bonito pode ser, mas virgem eu não acredito... se for do signo de virgem e você se confundiu, ou então isto deve ser golpe para ganhar mulheres. Para mim ele já deve estar com os pneus arriados!
- Ele deve ser virgem sim, Marília... Um homem não diria isto, se não fosse. Eles teriam vergonha de se mostrar ingênuos para uma mulher. Ele nem sabe que sabemos disto, falou só para Marco, mas... Você conhece Marco, não sabe ficar calado.


- Ai, o que é isto? Acho que atropelei alguma coisa? 
- Cuidado, Marília!
- Não... Não foi nada de sério, esteja tranquila! Acho que foi o pneu que furou... E agora, o que eu vou fazer?
- Espera, vou falar com Marco.
- Fala o que aconteceu e pede a ele para vir aqui. Nossa, este encontro às escuras está se tornando mais obscuro do que poderíamos imaginar. Ainda bem que a estrada ainda tem muitos carros, se eu estivesse em algum lugar deserto seria pior. Será que devo pedir ajuda, Catarina?
- Marília, esteja calma. Eu falei que você deveria ter vindo mais cedo. Não tem como Marco ir ao seu encontro, o carro dele está com o irmão dele.
- Eu estou com medo... Tem alguém vindo em minha direção, talvez vai ajudar. O que faço?
- Pede ajuda, mas esteja atenta! Procure observar o seus atos e não sorri de jeito nenhum para ele. De jeito nenhum, ouviu bem, Marília! Tudo isto é muito perigoso!


- Algum problema senhorita?
- Sim, o pneu parece que furou e não sei resolver este problema.
- Eu posso ajudar se me permitir.
- Se não for problema para você, eu aceitaria sim, a sua ajuda seria a minha salvação.
- Não é nenhum problema. Tenho um encontro, mas ainda não estou atrasado... Daria tempo em ajudar você.
- Quer que eu abra o capu do meu fusca? 
Catarina no telefone escutou e falou:
- Marília, o que você está falando com ele? Esteja mais atenta com o que fala, desse jeito ele vai abrir sim, o seu capu de fusca.
- Eu nem me importaria... Que homem lindo, Catarina!
- Sossega, Marília! Espero que ele seja de ajuda. Isto é raro de se ver, alguém parar para ajudar.
- Catarina ele vai ajudar... O problema é realmente o pneu, ele furou. Eu aceitei a ajuda dele. Ele ofereceu com muita gentileza, parece ser uma pessoa normal, foi simpático... Não... Catarina, não fique nervosa, não estou correndo riscos. Ainda não estou fora da cidade. Tem muitos carros passando, se for alguém ruim eu grito! Ele está se aproximando para dizer o que aconteceu, depois te ligo.

E depois de analisar bem a situação do fusca, me fala...

- A coisa é mais séria do que pensava... Parece que seu fusca está muito em abandono. Precisaria dar uma revisão por inteiro. Quanto tempo você não dá uma lubrificada nele? Conheço quem faz isto muito bem!
- Verdade? Está assim tão visível? Quem você me indicaria para colocar tudo em ordem... Você está mais do que certo, fazem meses que meu fusca não dá uma bela buzinada.
- Eu mesmo! Trabalho com isto. Trabalho fazendo reparos, tirando ferrugens, ao qual o tempo faz perder a vontade de seguir estrada... Eu tenho uma concessionária de carros usados, vou deixar com você o meu cartão de visitas. Agora, o que teríamos de fazer, é trocar o pneu. Você tem algum de reserva? A gente vai precisar.
- Mas não tem! E agora, como faço? Aquele borracheiro enrolado... Ai que raiva dele! Fazem 3 semanas que o outro pneu está na reparação, ele me prometeu que me entregaria rápido e nada... Garantiu que os outros estavam novos, disse que eu não correria riscos. Nem sei porque fui sair de casa, hoje. Vou ter que desistir do me passeio. Vou chamar um táxi.
- Bem, primeiro me apresento... Me chamo Henrique, muito prazer!
- O prazer é todo meu, Henrique... Eu me chamo Marília!
- Belo nome, Marília.
Falou com um grande sorriso no rosto e continuou...
- Devo dizer que táxi, neste momento, vai ser difícil por causa da partida. Mas tenta, talvez você tenha sorte.
E depois de ligar...
- Tudo ocupado, disseram que eu deveria tentar mais tarde.
- Este mais tarde, não tem como ser antes das nove, sabia?
- Só comigo que acontece coisas assim... Que nervoso!
- Não é verdade! Todos nós, em algum momento do dia, tem algo que nos faz irritar. Posso te dar uma carona, se você não se opor. Seria um prazer! Para onde você estava indo?
- Se não for problema para você, eu aceitaria sim. Na verdade sentiria medo de continuar aqui. Eu estava indo a um vilarejo perto de Somma Lombardo, mas se for difícil para você, poderia apenas me deixar de novo dentro da cidade, assim, vou para casa.
- Não é problema. Eu estou indo justamente para estas bandas. Te deixaria tranquilamente no seu destino... Melhor ainda, entraria na sua garagem e te deixaria feliz e contente. O seu carro deixaríamos aqui, bem sistemado para ninguém roubá-lo!  Vou telefonar para o rapaz do guincho da minha concessionária,  assim ele vem pegá-lo o mais depressa possível.
- Nem sei como te agradecer... Foi Deus que te colocou no meu caminho, sabia?


E assim fizemos, organizamos tudo! Eu retirei as minhas bolsas do carro e outras coisas e seguimos viagem... Conversamos de tantas coisas, estávamos felizes juntos, havia uma grande sintonia. Henrique é uma pessoa muito brincalhona, me fazia sorrir o tempo todo com as histórias que me contava. 
Realmente foi para mim uma grande surpresa poder conhecer um homem assim... Gentil, brincalhão, carinhoso, atencioso demais! Não desejava me afastar dele para encontrar alguém que eu nem sabia quem poderia ser. Mas eu não teria escolha... Henrique era só uma pessoa estranha que apenas conheci e que com o tempo, se afastaria de mim para viver a vida dele.
- O que houve? Porque parou?
- Eu não parei de propósito... O carro parou sozinho, acho que a gasolina acabou. Deixei na responsabilidade de meu funcionário para encher o tanque e pelo visto, ele deve ter esquecido. Agora sim, estamos com as mãos atadas. O próximo posto é bem longe daqui. E o Vilarejo ainda está muito distante.
Viu, Marília, que não é só com você que acontece estas coisas?
- E agora, Henrique, você tem alguma ideia? Talvez passe algum carro e a gente pede ajuda... O que acha?
- Seria a decisão justa... Teremos que esperar, não tem outra coisa a fazer. Pelo ao menos aqui dentro é bem quentinho, tenho cobertores, tenho até comida e bebidas que comprei para presentear aos meus amigos. Nós iriamos passar o final de semana juntos... Na verdade, eu estava indo a um encontro de amigos, mas também em um encontro às escuras e... Te juro que sentia medo em chegar lá... Temia! Não sabia o que poderia vir ao meu encontro. Nunca fiz isto em minha vida, mas meu amigo insistiu tanto! 
Agora que te conheci, eu não queria mais ter que ir neste encontro... Adorei te conhecer. Você me encantou, desde quando te vi no primeiro momento. Adorei poder te ajudar e te levaria no fim do mundo, se precisasse! Te levaria, só para estar do seu lado. 
Se você se sentir calma do meu lado, poderíamos ficar aqui dentro do carro até ao amanhecer, depois a gente faz uma caminhada ao posto de gasolina mais próximo para pedirmos ajuda. Pelo ao menos assim eu poderia te conhecer melhor... Conversar com você, é muito bom! Eu nem vejo o tempo passar. 
Te prometo que não te tocaria se você não permitir! Tanto, nem sou muito bom com estas coisas de romance... Te devo confessar, eu sou um homem virgem!
- O que você está me dizendo? Isto é coincidência demais! Espera, me deixa pensar... Você falou que se chama Henrique mas tudo isto que está me falando, foi como um filme em minha cabeça. Tudo que você falou, também estava para acontecer comigo... Eu também estava indo a um encontro às escuras mas... O meu encontro às escuras, era com uma pessoa que tem outro nome... Eu iria me encontrar com um amigo de meu amigo que se chama Pedro!
- Marília, eu esqueci de dizer todo o meu nome... Eu me chamo Pedro Henrique!

E depois de todas estas confissões, o que posso dizer é que este encontro às escuras, foi o melhor encontro de minha vida! 
Dentro de seu carro, nos conhecemos como ninguém, nos divertimos como eu nunca havia me divertido antes e depois de tanta intimidade, nos amamos! 
Agora minha vida mudou muito, somos casados! E esse virgem... de virgem não tinha nada! Acho que ele só esperava o momento certo e... Eu desejo tanto que seja eterno!


Autora: Aymée Campos Lucas
 Autora da pintura em tela: Sueli Gallacci

Elenco musical deste Conto:
Neil Young - Heart Of Gold
Pixes - Here Comes your Man
The Parlotones - Beautiful
Shania Twain - When You Kiss Me
Shania Twain - You're Still the One
Eu precisei retirar as musicas, estavam prejudicando o meu Blog.


Depois de ler que os amigos preferiram, entre todos os contos que escrevi, aquele que nos faz divertir, rir... resolvi criar este Conto sobre Encontro às Escuras, para alegrar os amigos e fazer com que a tela de Sueli Gallacci tivesse ainda mais brilho com este conto um pouco comédia, um pouco romance.
Acabei de descobrir que rir é o que todos preferem... Rir é o melhor remédio para adoçar um pouco a nossa vida! Quem não gosta de rir... Morrer de rir?
Eu gosto de escrever contos, ao qual eu sei que se alguém ler, vai ao menos esticar um pouco os lábios (risos). 
Quando releio o que eu escrevo, eu começo a rir das escritas que consegui criar... É verdade! Eu fico rindo do que escrevo e desejo muito alegrar os leitores, fazer com que sorriem um pouco.
 Agora eu pergunto: Quem leu este conto, conseguiu rir? 
Deixo um grande abraço a todos e muitos sorrisos!



domingo, 23 de outubro de 2011

Para Quem Sabe Ler, Dois Pingos é Letra!


ONDE A ESCURIDÃO ME LEVAR...

Não deveria ter saído de casa, naquela noite!
Eu sentia uma necessidade de ver e fazer algo diferente, então, decidi pegar a estrada, deixando que ela me levasse para onde ela desejasse.
Onde a estrada me levar... Que tolice pensar assim, pois jamais uma estrada te leva em algum lugar, somos nós que tomamos esta decisão, é o nosso cérebro que nos comanda, sou eu quem me guio e não uma estrada. A estrada só estará pronta, esperando um alguém que queira segui-la e... Se fizermos a escolha errada, pagamos pelo nosso erro, de alguma forma. Tudo se torna um escuro sem fim!
 
Quando decidi guiar pela noite afora, não imaginava que encontraria algo que fizesse mudar toda o meu dia e depois... Toda a minha vida!
Por muito tempo, ao guiar, o tráfego estava intenso me deixando muito nervoso, quando de repente, resolvi desviar o meu caminho... Eu vi uma estrada paralela, onde não haveria mais aquele tráfego infernal... Afinal, eu procurava paz!
Estava muito escuro! A estrada que escolhi, não tinha iluminação e nem sinais onde eu poderia procurar indicações... Havia muitas árvores, como se em torno existisse um bosque e um rio. Comecei a sentir medo, mas insisti em continuar, porque sou um homem muito insistente, e quando decido algo, nada me faz mudar de ideia.
A um certo momento, o asfalto acabou onde o que encontrei, foi uma estrada cheia de buracos que começou a me perturbar. Naquele instante, percebi que a minha escolha poderia ter sido errada.
 
Os faróis iluminavam a estrada e diante de mim, eu pude ver algo que me assustou! 
Não soube como agir, me deu panico! Ao passar alguns segundos, consegui pensar e parei o carro, me paralisei por alguns segundos e desta vez... Refleti rápido e fechei todos os vidros para poder me proteger.
Diante de meus olhos, eu vi a violência acontecer! Eu vi uma jovem sendo maltratada por um homem e senti medo dele se aproximar. Ao pensar em proteger aquela pessoa, eu comecei a buzinar procurando espantar aquele homem e se ele viesse até à mim, eu já estava pronto para acelerar o meu carro em cima dele. Poderia me causar um grande acidente, esta minha atitude, mas seria o único  modo de me proteger,
Por minha sorte, ele se espantou e se afastou, mas mesmo assim, senti medo de descer do carro e me aproximar daquela garota, que estava caída pelo chão, toda desprotegida e ferida.  
Ela gritava: "Me ajude! Alguém me ajude!" E então, neste exato momento, com toda a minha coragem, resolvi me aproximar. Não sai do carro, preferi levar o carro para perto dela e quando me aproximei, a vi toda ensanguentada. 
Aquele homem a esfaqueou e ela estava muito mal. Olhei em volta, usando a minha lanterna e percebi que não havia mais ninguém ali que não fossemos nós dois. Ouvi um barulho de uma moto que acelerava a todo o vapor, era ele que escapava. Seu rosto não conseguiria identificar, estava tudo muito escuro... Então, ao pegá-la para colocar em meu carro, eu tentei perguntar quem era a pessoa, se ela o conhecia, se sabia o seu nome. Ela respirando muito mal,  respondeu: "Se chama Leonardo."
Não quis perguntar mais nada, porque ela não estava em condições de falar, assim, virei o carro e com toda a velocidade, retornei para a cidade procurando um hospital. Mesmo assim, ela ainda continuava a falar e me repetia: "Ele se chama Leonardo! Ele se chama Leonardo!" Estava muito preocupado, porque ela se mostrava ansiosa e isto poderia prejudicar mais ainda, então, nem o seu nome eu perguntei, para evitar que ela continuasse a falar desnecessariamente.
 
Quando as linhas telefônicas estavam dando sinal, liguei para um número de emergência e contei que uma jovem estava muito mal e que eu estava levando-a para um hospital, para tentar salvá-la.
Pedi que me indicasse o hospital mais próximo e... Eles, depois que perguntaram o meu nome, me disseram qual seria o hospital. Eles sabiam em qual área que eu me encontrava, através de toda a minha indicação e assim, consegui o mais rápido possível, chegar ao hospital.
A emergência foi muito eficiente... Logo preparou a jovem para dar os cuidados necessários e eu fiquei aguardando  na sala de espera... Ao passar algum tempo, além do médico vir ao meu encontro para dizer que ela não conseguiu resistir às facadas, junto a ele, estavam também dois policiais com algemas e me algemaram,  dizendo:
"Sr Leonardo, o senhor tem direito de ficar calado, qualquer coisa que disser será usada contra o senhor!" Parecia um vento soprando forte e doloroso ao meu ouvido. 


Ela antes de morrer, repetia por todo o tempo o nome do assassino para o médico, e o meu nome também é Leonardo.
Como poderia explicar que não sou eu o assassino, como poderia provar a minha inocência, sendo que esta pobre jovem, nesta vida, não está mais presente... Ela se foi, e seria somente ela que poderia me ajudar! Ao contrário, ela destruiu a minha vida... Agora, eu me encontro dentro de uma prisão, procurando provar que sou um inocente, que guiava em uma estrada deserta, apenas por prazer de explorar regiões, no meio de uma noite sombria... Ninguém consegue acreditar em mim! Sou inocente, procurei ajudar uma pessoa e a minha vida se destruiu por isto.
Em meu corpo o que se via naquela noite, era apenas sangue em toda parte de minha pele, meu carro estava todo destruído de tanto sangue e  Leonardo, o assassino, provavelmente estará por ai, matando novamente.
"Deus, me ajude, por favor! Só o Senhor meu Deus poderia me ajudar!"
Já se passaram anos e estou aqui, dentro desta prisão horrenda, procurando provar a minha inocência... Como fui ingênuo... Como fui inocente! Por favor, acreditem em mim! Estou falando com a minha alma lavada. Eu só fiz o que achei que deveria fazer.

E assim, a defesa continua a falar, depois de ouvir calmamente a declaração espontânea de Leonardo:

Foi apenas uma escolha errada... Foi apenas um passeio de carro, em um lugar errado!
Como podem incriminar uma pessoa que procurou ajudar esta jovem, sem se preocupar nas consequências em que tudo isto poderia causar à ele um dia? E ele agora está pagando, mas pagando por quem? Ele prestou socorro, quer prova de inocência maior que esta?
Se não fosse por ele, talvez, nenhum outro encontraria o corpo de Fernanda. 
Este homem é inocente, meus senhores! Ele só quis ajudar! Ele ajudou e teve a má sorte de não conseguir salvá-la... A crueldade deste Leonardo, que não sabemos nada, foi de extrema frieza e se não fosse o nosso Leonardo aqui presente, talvez Fernanda morreria sofrendo muito mais e... se ele tivesse conseguido salvá-la como desejava, este momento que hoje estamos vivendo, não existiria. Fernanda diria o que todos procuram... A verdade.
Agora, ele está cumprindo uma pena no lugar de outra pessoa. Leonardo clama por anos a sua inocência e todos continuam a crucificá-lo. A família dele sofre porque conhece o filho que tem. Seus pais ou qualquer pessoa que o conhece desde a infância, classificaria Leonardo como um homem de princípios: caridoso, amoroso, leal, honesto, respeitador... Comportamentos como estes, são visíveis para todos da família e principalmente quem o conhece fora do âmbito familiar. 
Como pode um homem assim, ser condenado injustamente. Estão condenando este homem só porque ajudou, amparou, correu riscos e por um grande infortúnio, recebe o mesmo nome: Leonardo!
Dois homens, dois Leonardo que coincidentemente entrou na vida desta jovem. Um Leonardo maldoso, e outro Leonardo caridoso!
Por favor, senhores jurados, impeçam a todos de continuarem a julgar erroneamente... Que parem de atirar pedras a um inocente... Ele só queria ajudar!
E a defesa interrompe, aqui, este apelo!

 A Promotoria, neste momento, teve a "Palavra":

Continuarei a atirar pedras sim, meus Senhores! 
Senhor Juiz, continuarei a atirar pedras porque este homem não é a fato inocente! 
Este homem é o assassino de Fernanda sem sombras de dúvidas! Leonardo é o assassino e poderia classificá-lo como um homem de personalidade múltiplas, talvez um esquizofrênico...  Leonardo ruim, Leonardo bom e a jovem Fernanda, em meio a tudo isto.
Se pensarmos e analisarmos, poderíamos achar que isto não possa existir e que... O que estou dizendo, possa ser pura ilusão como se vê em filmes que, em  algum cinema de nosso grande Mundo, pôde nos mostrar... Mas creia, meus senhores, que a ilusão construídas em filmes, surgem de mentes lúcidas, surgem das mentes de um alguém que um dia pode vivenciar ou aprender sobre o que nos mostrou e... assim, temos como exemplo um filme representado por Jim Carrey... Sim, é verdade, foi pura ilusão o que este ator representou no filme Eu, Eu mesmo e Irene... Mas, mesmo sendo um filme, ele pode nos mostrar que estes monstros existem, eles são reais! São reais e estarão por aí, em alguma parte deste Mundo enorme, para nos fazer mal.
Ele... Ele mesmo e Fernanda! Poderíamos classificar este homem, assim. Ele, o homem ruim que se esconde por detrás do homem bom, caridoso, como disse nosso advogado de defesa. Aquele homem bom que faz com que todos os apreciem, ao ponto de não conseguir ver o lado mal, pois, ele consegue esconder aos mais íntimos, às pessoas mais caras, quando deseja.
Não, meus senhores, este homem não é inocente... o médico que atendeu Fernanda, pôde ver em seus olhos o pavor que ela transmitia à ele. Seu dedo indicador, no falar o nome Leonardo, apontava na direção do Leonardo que, ali, esperava... Repetindo sempre a mesma frase: Foi Leonardo, foi Leonardo. Mas isto não é a prova final... 
Este homem por muito tempo repete uma frase, como se fosse a frase certa e memorável!
"Onde a estrada me levou, Eu errei..."
Sim, ele errou em procurar seguir a estrada errada. Será que se arrependeu? Mas por que não se confessa? o que digo é que "Aqui se faz, aqui se paga!"
E a minha prova maior por tudo isto, é mostrar, hoje, diante do Senhor Juiz, a minha maior descoberta... Esta jovem possuiu um diário que nem mesmo os seus pais sabiam da existência dele... Fernanda o escondia de um modo, que só depois que seus pais resolverem fazer uma reforma em seu quarto, demolindo recordações que os faziam sofrer, foi que puderam encontrar este diário. Ele estava no assoalho de lenho destacado, onde ela criou um buraco como se fosse um cofre. Além de muito bem escondido, situava debaixo de um tapete... Mas, por que todo este segredo? Talvez, porque um alguém a controlava, havia poder sobre ela, mas por não resistir em demonstrar a si mesma o seu bem querer, por não resistir em escrever seu sentimentos, escondeu este diário à sete chaves.
Neste diário encontrado, que agora estou podendo mostrar a todos, existem palavras amorosas em um período de 4 meses a uma única pessoa que se chama Leonardo.  Fernanda, confiou em um estranho por ser jovem demais, estava se apaixonando por ele, como podemos ler aqui... Se apaixonou e Leonardo, o bondoso, soube conquistá-la com seu modo doce de ser mas... O Leonardo ruim, ao provocá-la, desejou sexo, algo que ela não esperava em um encontro inicial. Ela não estava preparada para isto, desejava um príncipe todo amoroso, pois, afinal, ela tinha apenas 13 anos!
Dois Leonardo sim. Leonardo bom se aproximou dela e Leonardo ruim a maltratou e depois, talvez se assustou com o que fez, procurando salvá-la mas... Era tarde demais.
Duas personalidades que não se encontram, não se conhecem. Leonardo bom não consegue ver o outro Leonardo que existe dentro de si e que agora, em uma prisão, ele esta mais que adormecido, sem ação.
"Onde a estrada me levar".... Peço aos Senhores jurados, que o leve a uma pena rigorosa. Este homem é perigoso.
Querem mais provas? Darei todas as provas necessárias para que cheguem a uma conclusão sem nenhuma precipitação. 
Foram meses e anos de pesquisas, para que eu pudesse neste apelo, mostrar toda a verdade... no corpo de Fernanda, o medico legal, em seus estudos, pôde relatar que o que se via era o DNA de Leonardo por toda a parte. 
E o sangue? Todo aquele sangue! Quem pode ver se assustou... Foi muita violência em uma só pessoa. Este homem desejou destruí-la ferozmente... Uma morte causada por ímpeto, fúria, raiva, por ter sido rejeitado. Além de não existir outro DNA em Fernanda que não fossem de pessoas do hospital, não foi encontrado, no local de sua morte, nenhum rastro de moto, não existia rastros de nenhum outro carro que não fosse de Leonardo aqui presente... O seu belo BMW verde estava lá e dentro dele, com certeza  estava Fernanda.


"Objeção, Senhor Juiz! O promotor, aqui presente, não pode dizer isto sem provas. Ninguém viu esta jovem dentro de seu carro."
"Objeção rejeitada... continue advogado..."

Ninguém pôde ver, porque foi um homem astuto, mas nenhum crime é perfeito! Falhas e mais falhas pode ser verificadas neste crime.
No local, não existia pegadas de um homem em fuga, não existia rastros de alguém correndo, nada! Nada que não fosse dos dois. Não tinha nem mesmo a arma do crime. Esta arma até hoje não foi encontrada. Muito astuto no momento crucial, mas... Muita falha quando quis demonstrar de ser um homem caridoso.
Onde pôde esconder uma arma em um momento como aquele? Neste momento, será que a sua mente estava lúcida? A estrada que ele percorreu, seguindo em direção a um hospital, podemos ver que paralelo a esta estrada, em um certo ponto, existe um rio. Talvez esta arma esteja ali, perdida no fundo deste rio, em meio às pedras... Uma arma que não encontraríamos com facilidade. 
Agora, eu pergunto diante de todo este Juri: Será que somente com existência desta arma é que encontraríamos a solução deste caso? Não, senhores Jurados! Não seria necessário esta arma para incriminá-lo! Este homem é o assassino e hoje poderei provar isto, junto aos seus pais aqui presente. 
Esta jaqueta sintética, que mostro agora a todos vocês, pertencia à Fernanda. A sua mãe conservou, dentro do armário de Fernanda, sem antes lavar. Ela está repleta de digitais de Leonardo e mais ainda... Foram encontrados cabelos de Leonardo, nesta jaqueta, mas... Estejam atentos a uma coisa, Senhores Jurados, Senhor Juiz... Fernanda não estava com esta jaqueta no dia do crime. Esta jaqueta retornou ao armário, sem que a sua mãe a lavasse, meses antes. Isto significa que eles já se encontravam e ela vestiu esta jaqueta em um destes encontros casuais... Talvez, tivesse sido o primeiro encontro com ele, isto não podemos dizer ao certo.
Hoje, depois de muitos esforços, muitas buscas, posso acusar com certeza Leonardo por esta morte horrenda, que deixou feridas em seus pais, feridas eternas.
E aqui, neste momento, diante de todos os Senhores presente, direi o meu muito obrigado à Deus por me guiar e para Fernanda eu quero dizer algo que ela merece escutar, seja  onde ela estiver..."Fernanda, a justiça foi feita! Vai em paz anjo! Procure estar ao lado de Deus, para sempre te aquecer e te proteger!"

Autora: Aymée Campos Lucas
Autora da pintura em tela: Sueli Gallacci


Elenco musical deste Conto: 
Pink Floid - Wish You Where Here
Limp Bizkit & GooGoo Dolls - Wish You where Here
Limp Bizkit - Mission impossible II Theme
Foi preciso retirar as músicas, elas estavam prejudicando o meu Blog.


Este conto, acho que ninguém vai ler, pois é muito grande! (risos)
Esta tela usada, faz parte de mais uma obra de Sueli Gallacci. Sueli me permitiu utilizá-las para escrever e através de suas telas eu poderei criar meus contos. 
Linda demais esta tela! Aqui deixo o link onde vocês poderão saber mais sobre a tela.
Depois deste conto, darei uma pausa porque quero dar fim ao meu amado livro: "Aventura de Louco... Todo mundo quer um Pouco." Sabe, eu devo isto aos meus fieis leitores, mas principalmente à mim mesma!



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Resistir Ao Te Ver... Até tento! Se Te Olho, Eu Invento!


O HOMEM DO JORNAL
 
Porque a vida fez isto comigo? Porque não pude viver o amor que tanto desejei e que pensava que me faria tão feliz!
Quantos anos de minha vida passei dentro de um Café, a apreciar nas minhas manhãs toda a alegria que pudesse existir naquele lugar. O Café Florian foi para mim o ponto crucial de minha jornada que a cada dia era sempre cheia de realizações... Ele me dava mais vida! 
Todos os dia pela manhã, apesar de ser um homem solitário, sempre me sentia uma pessoa radiante porque tinha tanta gente que alegrava a minha vida! Os sorrisos, amizade que criei ali, não teria palavras para descrever o quanto eram importantes para mim... As mesmas pessoas todos os dias, procurando um pouco mais de afeto, por alguém que lhe desejava doar. Éramos realmente felizes juntos! O que posso dizer mais... talvez diria que o lugar tinha magia, a beleza simples criada ali, nos dava conforto. Cada detalhe do Café Florian nos envolvia, não tinha como desejar em conhecer outro lugar.

Quando estava sentado em minha sólita mesa... Parecia que aquela mesa tinha um nome, tinha meu nome... Maurício! Ninguém sentava nela, ninguém a ocupava! Todos sabiam que aquele lugar pertencia a Maurício. Quem a olhasse e não me visse ali, poderia dizer assim mesmo um belo "Bom Dia!" porque seguramente, eles me enxergavam sentado naquela confortável cadeira, mesmo se não estivesse por motivos de atraso.
Mas tudo mudou! O tempo vai passando... Se passaram anos e eu não consigo esquecer aquele dia... Eu não consigo encontrar o meu caminho! Para onde devo ir meu Deus, senão vivi o que queria muito viver? 
Ah se Deus me permitisse em voltar no tempo, lhe pediria para me sentar ali novamente e naquele momento em que tudo aconteceu, esperasse ao menos poder ter conhecido Elise! Precisava tanto ter visto aquele rosto ao menos uma vez, ter tocado, ter acariciado seus olhos azuis com meus lábios que estavam quentes de desejos por ela.
Mas a vida é imprevisível e tudo pode acontecer, quanto menos a gente espera... Será destino meu Deus? Era este o meu destino? Porque? E porque todos daquele Café tinha o mesmo destino que eu? Quantos estão vagando em algum lugar, tentando recuperar algo do passado que um dia foi brilhante, quantos imploram ao Senhor para rever pessoas que um dia foram caras para nós?
Eu sempre pensei que na vida éramos nós que fazíamos as nossas escolhas, mas na verdade acho que não é assim.
Escolhi sim tanta coisa para mim, como um certo dia que ao passar diante do Café Florian pela primeira vez, escolhi de entrar em uma de minhas manhãs, para nunca mais deixar um dia sequer, sem dar a minha presença aos que me receberam de braços abertos... Dona Lara toda sorridente e amável, seu Domênico que falava grosso mas tinha um coração mole... Com certeza era ele que sem ninguém esperar, pagava o café para todos dizendo: "Oferta da casa!"
Aquele homem se sentia realizado com o que construiu, acho que trabalhava ali, com o prazer que qualquer cidadão desejaria ter em uma profissão.
Apenas alguns momentos a mais era o que eu queria...

Quando me sentava tranquilamente para ler o meu jornal, folheava rapidamente as páginas porque eu queria chegar na minha página preferida...  "O circulo do amor"! Era ali o meu divertimento, o meu maior prazer em comprar o jornal. Eu lia muitas cartas de amor, onde pessoas se apresentavam solitárias, à procura de uma alma gêmea e sempre que lia, eu percebia que um deles com o tempo, conseguia se realizar encontrando alguém para amar e...  Por ler atenciosamente, notava sempre Elise... Ela não deixava de escrever sobre ela! Em suas cartas, ela dizia que ainda não tinha conseguido, depois de tanto escrever, encontrar a pessoa de seus sonhos e... Eu a cada dia que passava, me apaixonava mais e mais por ela.
Dona Lara começou a notar que eu estava diferente. Ela dizia que meu olhos brilhavam e que eu sorria sozinho, logo eu que quase não sorri, estava sempre sorrindo para mim mesmo, ao ler o jornal. Eu lia e via aquela doce mulher na minha frente... Era carinho, era desejo! 
Ao contar para ela de Elise, ela me deu o empurrão que precisava para entrar em ação!
"A senhora acha, Dona Lara, que devo mesmo escrever para ela?"
"Mas claro que sim! Nem sei porque você está ainda esperando... Eu não vejo a hora de ver esta mesa rodeada de gente que você ama... Não vejo a hora de te ver aqui, anos afora, a tomar o seu café com sua esposa e seus filhos. Aqui é sua casa meu filho! Eu te quero muito bem e preciso te ver realizado. Não se vive só de trabalho e amigos, você precisa ser feliz como eu sou, para saber o quanto o amor te dá asas para crescer e se realizar. Olha só Domênico como é feliz! Nós dois construímos este Café com muito esforço mas... Foi o amor que permitiu isto."
Acho que meu destino não era ao lado dela... Elise, eu não pude conhecer, porque o destino dela deveria ser outro!
Naquele dia de tanto incentivo, Dona Lara me entregou uma caneta e folha e me ordenou de escrever e assim fiz. Escrevi uma linda carta e enviei para o jornal, sabia que ela a receberia. Tempos depois escrevi outra e mais outra, quando sem nem imaginar, recebi a resposta tão esperada. Ela me escreveu! Elise queria me conhecer!
Que carta doce, que mulher maravilhosa! Não via a hora de vê-la!


Me lembro tão bem daquele dia... Comprei roupa nova, sapatos de couro inglês, até gravata usei naquele dia para esperar a sua chegada. Decidi por um terno marrom quase caramelo, uma calça marinho e a camisa branca, é claro! O branco representaria para mim, a paz que eu queria mostrar... Eu só queria viver com muita paz junto a Elise!  
Eu me sentia o homem mais feliz do mundo, me sentia até muito belo! Dentro de mim, nasceu uma energia que poderia iluminar aquele bar, mesmo se por algum instante, não pudesse existir luz ali!
Dona Lara também estava com roupas novas, o Café foi todo reformado, dando um toque de pintura fresca. Nem seu Domênico se importou com as despesas, ele não via a hora de me ver feliz e realizado. Era um carinho inconfundível!
Aquele momento estava mesmo agitado e então ao notar tanta euforia, pedi que todos procurassem disfarçar, criando um cenário de despreocupação para não perturbar ou envergonhar Elise. Afinal... Todos sabiam que ela estava para entrar ali a qualquer momento e... Faltava apenas 3 minutos para a sua chegada quando tudo aconteceu... O Café Florian explodiu! 
Havia um único homem estranho ali naquele dia, ninguém nunca o tinha visto... Parecia tão sereno, senti até vontade de poder conhecê-lo, fazer amizade, dar as boas vindas mas em vez... Era um terrorista, um camicaze! Ele nos levou com ele para algum lugar deste espaço... Ninguém sobreviveu.
Eu nunca pude ver Elise sorrir para mim. E até hoje tento implorar a Deus... Queria tanto que ELE fizesse o meu destino mudar e de alguma forma me levasse para perto dela, nem que se fosse um animal de estimação, um cão talvez... Eu só queria poder ver o rosto dela! Eu só queria poder ser feliz ao lado dela!

Autora do conto: Aymée Campos Lucas 
Autora da pintura em tela: Sueli Gallacci

Música deste conto: 
Jeff Buckley - Hallelujah
Luwig Van Beethoven - Fur Elise
Foi preciso retirar as músicas, elas estavam prejudicando o meu Blog.




Parece fixação, querer escrever contos, sempre com esta imagem, esta tela ("O Café" - Espátula e pincel sobre painel) Decidi escrever mais uma estória porque achei que esta tela precisava de um conto romântico e dramático ao mesmo tempo! Agora escrevendo (Três em Uma) três contos em uma só imagem, desejaria muito saber de qual o leitor gostou mais, qual foi o estilo que mais lhe agradou? Estou mesmo muito curiosa!


sábado, 15 de outubro de 2011

Ao Te Olhar... Desejei Te Movimentar Outra Vez!

 O HOMEM DO JORNAL

- Bom dia, Senhor Fernandes! É sempre bom ver o Senhor por aqui... Acomode-se! A mesa já está preparada, como faço sempre, e seu amigo o espera.
- Bom dia, Beatriz! Muito obrigado, você é realmente muito gentil. 
- Bom dia, Fernandes, demorou hoje, porque? Viu a partida ontem? 
- Como não? Melhor ainda, Matheus, foi derrubar o seu time.
- É somente o início, Fernandes. Estamos só aquecendo!
- Sempre o mesmo papo de perdedor... No final, quem pega o troféu somos nós do timão, não adianta ter esperanças!
- Vamos ver... Vamos ver!
- Bom dia, Senhora Clara! Já está jogando o seu baralho com as amigas. Quem será que ganha desta vez?
- Tenho que ganhar, pois hoje o ganhador tem direito a um ingresso para o teatro, se ganho vou poder ver O Cisne Negro!
- Vou torcer para a Senhora, lá da minha mesa. 
- Faz isto Fernandes... A sua boa sorte é grande e vai me ajudar.
- Olá, Fernandes, já estava sentindo a sua falta. O que vai querer hoje? 
- Nem sei porque você me pergunta isto, Joel... É o mesmo de sempre! Assim posso começar uma boa jornada!
- Olá, amigo, demorou hoje. O que houve?
- Ah que felicidade quando chego ao Café... Quando viro a esquina e vejo a 100 metros o nome MONET CAFÉ, meus olhos começam a brilhar e o sorriso por toda a minha face se expande!
- Brigou novamente? Pelo visto acho que sim...
- Ela não me entende, Ricardo!
- Vai entender as mulheres, amigo! Se eu pudesse te ajudar...
- Não tem remédio que cure esta divergência. Todas as manhãs é a mesma coisa. Não aceita que eu tome o meu café da manhã aqui. Reclama o tempo todo querendo que eu me sente à mesa com ela. Ela insiste em preparar uma mesa toda perfeita, parece até que espera visitas... 


...Mas se eu não venho aqui, me sinto mal por todo o dia, e ela não aceita. Convido para vir comigo, e também não aceita. 
Eu gosto de toda esta agitação pela manhã, gosto de ler meu jornal aqui com todo mundo falando e se divertindo de alguma maneira. Gosto de todos os bom dias que recebo, dos amigos que puxam conversas. Isto é perfeito! Não tem coisa melhor, você não acha?
- Sim, eu gosto muito também. Mas devo confessar, amigo, que se  eu pudesse ter uma esposa como a tua, bela e dedicada, eu desejaria mesmo era tomar o café com ela e depois...
- Depois coisa? Isto é porque você não a conhece como eu. Aquilo ali é um purgante. Minha esposa me dá nos nervos! Tudo bem, é belíssima mas... Te devo confessar que na cama está deixando a desejar... Ela tem me rejeitado muito. Briga, briga, cria caso por pouca coisa... Uma toalha molhada jogada na cama, um sapato suado no banheiro e se deixo a urina cair no vaso então... Tudo parece uma missa! Ela fala pelos cotovelos. Nem sei porque tanto drama! Eu sempre fui assim desorganizado. No início tudo era muito excitante, vibrante, agora tudo é briga, para no final quando a procuro, ela dizer: "Nem vem que não tem! Estou com dor de cabeça e o culpado é você!"
Amigo, isto já virou ritual e se não venho ao Café para esquecer e encontrar um pouco de paz, o meu casamento já teria acabado à muito tempo!
Bem faz você que é solteiro, não tem que dar nenhuma explicação e no final, pode ficar aqui sorrindo todas as manhãs. Você é um grande amigo, Ricardo! Gosto muito de poder te encontrar aqui todos os dias.
- Eu também gosto muito meu amigo... Você tem de pegar duro com a sua mulher Fernandes.
- É, amigo, acho que tenho de aprender isto com você, preciso de umas dicas, porque está difícil pegar duro com ela. Talvez você possa me ajudar... Vo não é casado, mas de sexo, eu imagino que entenda muito bem!
- Só que agora não vai dar. Tenho que sair urgente e já estou atrasado.
- Mas já? Todos os dias você sai às pressas. Falamos tão pouco. Quando é que você vai poder encontrar tempo, para passar uma meia hora aqui comigo no Café, Ricardo?
- Sinto muito, Fernandes, mas o dever me chama! Tenho que colocar o meu serviço em dia, fazem 3 dias que está abandonado. A coisa está só crescendo... A tensão vai acumulando e no final, se não resolvo, não tem outro para resolver para mim. Se demoro a resolver, vai me dando um nervoso tão grande, só vai crescendo.
Venho mesmo aqui ao café, só para poder te ver e tomar uma taça de Bourbon para esquentar as entranhas. Não saio daqui enquanto você não chega. Quero te dar um alô e gosto de saber que estará por aqui se divertindo um pouco.
- Todo mundo tomando café e você Bourbon... Não sei como consegue beber logo pela manhã e principalmente porque vai pegar pra capar no trabalho. Quanto a me divertir, eu me divirto demais aqui sim, isto você pode estar certo!
- É por isto mesmo que bebo esta calorosa bebida... Eu quero levantar a minha alma, deixar ela aprumada, para pegar firme. Agora realmente eu tenho que ir mas... Sei que estará bem. Vai ler o seu jornal como gosta, ver o timão na primeira página, nas alturas... O que mais você pode desejar de melhor!
- É uma pena, Ricardo, eu gosto mesmo de te encontrar aqui!
- Como vai ser o seu dia hoje? Vai voltar em casa para pedir desculpas à mulherzinha?
- Deus me livre! Hoje só volto em casa, lá pelas as nove da noite, porque antes, passo aqui novamente para tomar aquele bom vinho que adoro e ler o jornal de fim de tarde tranquilamente. Em casa não tem jeito, o que encontro é aquela mesma história de sempre... Ela vai brigar porque cheguei tarde.
- Então você vai estar aqui às nove da noite?
- Sim... Por volta das 20h30, 20h50 estarei aqui com certeza!
- Me espera... Por favor me espera, eu venho te ver. Faço questão! Desta maneira colocamos o bate papo em dia e... Agora realmente eu tenho que ir. O tempo está passando e o nervosismo só crescendo.
- Meu amigo Ricardo, você deveria procurar um trabalho mais prazeroso, mais tranquilo. Este parece ser muito desgastante.
- O meu trabalho me dá prazer... O que me deixa nervoso, são as pessoas que me atrapalham fazer o que quero. Tem um que fica me atrasando e se demoro, perco minutos que para mim são sagrados. Deixa eu ir, depois a gente se fala. Me espera, tudo bem?
- Tudo bem, estamos combinados, às 20h50 nos encontraremos aqui.



E O TEMPO PASSOU...

- Até que enfim, pensei que não viesse mais!
- Como sempre lendo o seu jornal... Eu te falei que vinha. Promessa é dívida, amigo.
- Se acalmou? Conseguiu colocar o trabalho em dia?
- Como não? Meu dia foi tremendo de bom... foi tranquilo, desejante. Uh! Nem tenho como te explicar o quanto o meu trabalho hoje, foi rendável! Resolvi atrasos como te falei, de três dias atrás. Entrei fundo no serviço, peguei de jeito... Sentado, em pé, até no banheiro eu levei o trabalho para fazer. Não conseguia parar! Quando fui lanchar porque deu fome, joguei tudo que estava na mesa pelo chão, coloquei o trabalho no canto certo e comia, comia de tanta fome!
- Deus me livre Ricardo, você tem de tirar umas férias, senão você vai dar um troço!
- Não... Agora não dá! A coisa está rendendo demais, não posso abandonar. Mais tarde, quem sabe...
- Epa! Meu celular esta chamando... É ela! Agora sou eu amigo, que não posso ficar por muito tempo.
"Pronto, benzinho! Sim... Já estou indo. Sim, estou aqui novamente. Não vou demorar, já falei que estou indo! Não.. é só porque... Me escuta um pouco, benzinho, vai escutar ou não? Adivinha quem eu encontrei aqui, agorinha? Ricardo está aqui comigo, foi por isto que me atrasei. Tudo bem, eu falo para ele... Beijos, benzinho."
Ela agora está mais calma... Foi só falar que estava com você que ela se acalmou um pouco. Minha mulher é tão ciumenta! Acho que se sente segura quando sabe que estou com você. Te mandou dar um beijo de saudades. Falou que você deve aparecer lá em casa mais vezes, sente a sua falta, disse que gosta muito de você! 
Também do jeito que eu falo de você lá em casa... Ela acabou gostando do amigo que tenho. Ela sempre diz que você é mesmo um amigo fiel, que pessoas como você, a gente tem de procurar estar sempre perto.
Tenho que ir, te desejo uma noite muito tranquila, Ricardo, que Deus te proteja sempre! Ah esqueci de dizer... A senhora Clara ganhou o ingresso para ver a peça teatral O Cisne Negro!
- Que bom para ela, fiquei contente. Obrigado por me desejar uma boa noite, te desejo o mesmo.
- O difícil amigo, é saber se será uma boa noite. A gente se vê aqui amanhã tudo bem?
- Como não? Aqui estarei, no mesmo horário de sempre.

CHEGANDO EM CASA...

- Benzinho, cheguei! Porque estas duas taças estão aqui na máquina de lavar louças? Porque meu roupão está aqui na cozinha todo molhado?
- Nem te conto! Coloquei outro roupão para você usar no banheiro, este vou ter de lavar... Adriana esteve aqui com seu filho... Ele entornou o leite que bebia, caiu em sua roupa, tivemos de dar banho nele e na pressa usei o seu roupão.
- Que estranho este perfume no ar...
- É o perfume de Adriana, ele é muito forte.
- Nossa, é idêntico ao perfume de nosso amigo Ricardo. Idêntico! Será porque a Adriana usa perfume de homem?
- Vai lá saber meu amor! Com a crise que todos estão atravessando, vai ver que ela usa o perfume do marido dela para poder economizar. Meu amor, senti saudades de você ...
- É mas vou te avisando desde já que amanhã quando eu for ao Café, não quero discutir mais... Eu vou e pronto!
Que bom benzinho que mais um dia se passou tranquilamente e agora vou tomar um banho, ver um pouco de TV e procurar dormir esperando novamente poder estar no Café Monet.
- O que está assistindo?
- Um filme... Não sei o nome mas gostei de uma frase que o ator falou, por isto vou tentar assistir.
- Qual frase?
- "A verdade está diante de você, e só você não vê!" Parece um belo filme. Tem gente neste mundo, Rachel, que não enxerga um palmo adiante do nariz!
- É verdade! Eu conheço pessoas assim. 
- Boa noite, benzinho. Eu te amo muito!
- Boa noite, Ri... Riqueza minha! Amor meu, também te amo!
"Nossa! Será que ele escutou o que eu estava para falar? Será que percebeu?"
- Bem que a gente podia...
- Ah não, meu amor... Aquela criança hoje, me deu tanto trabalho! Eu estou cansada.

Autora do conto: Aymée Campos Lucas
Autora da pintura em tela: Sueli Gallacci


Elenco musical deste conto:
Edvard Grieg - Morning
Peter Tchaikovsky - Waltz Of The Flowers
Beethoven - 5° sinfonia 3 movimento 
Foi preciso retirar as músicas, elas estavam prejudicando o meu Blog.



Dois em Uma! Dois contos em uma só imagem... Mas, eu poderia criar muito mais! Agora é ver qual dos dois contos, é mais surpreendente ou mais divertido, ou interessante. São diferentes do início ao fim! 
Neste mundo, cada vida toma forma de maneira diferente, mas sentimentos serão sempre iguais. Sempre existirá dor, engano, amor, felicidade, amizade, falsidade, lealdade... e tantos outros sentimentos que nos guia, ou para uma vida melhor, ou para uma vida mesquinha! A escolha, será sempre nós que devemos fazer. Desejo o melhor para mim, mas conheço muito bem o lado maldoso da vida!
Obrigada Sueli, por ter me permitido de apresentar a sua tela ("O Café" - Espátula e pincel sobre painel) em meu Blog!



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