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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Aventura de Louco, Todo Mundo Quer um Pouco - XXV

Onde Nasce uma Paixão

Corri ao encontro de minha irmã, pois já estava até um pouco atrasada. A encontrei naquele bar que programamos e, depois de esperar que ela terminasse o seu café, voltamos ao hotel como duas inocentes. Letícia em momento algum me perguntou sobre como poderia ter sido... Ela sabia que aquele momento era só meu! Só  meu e de mais ninguém!
Chegando ao Hotel rapidamente partimos para o sítio. Seria uma longa viagem.
Júnior estava bem melhor da febre. O meu carinho era muito grande por ele, mas não o amava... Permaneci muda por toda a viagem... Quando o olhava, me sentia muito envergonhada, mas de maneira alguma arrependida.
Eu amava toda a maneira de ser de Juliano. Não teria espaço para mais ninguém.

E assim, a estória continua...
Uma Verdade Escondida. 
Difícil Demonstrar o Quanto Estou Envolvida.

Falsidade, Mentira, Infidelidade... Tudo vem à Tona. E' como um Prédio Bombardeado em sua Superfície... Ele Desmorona. Principalmente se esta Superfície foi Construída sem uma Base Solida, Concreta.  
Pode Passar Dias, Meses ou Ano, mas Aparece o Engano.

Falei que seria clara com Júnior, mas como poderia? Não estou pronta. Mas quando é que alguém esta pronta para uma situação criada de  uma maneira errada? Tem que surgir a coragem de afrontar, de ser leal e lealdade aqui entre nós desapareceu. 
Júnior é uma pessoa que confiava em mim e eu o enganei. Poderia ter revelado o que vinha sentido para que ele pudesse fazer sua escolha... Eu desejaria que ele fosse assim comigo, mas será que seria?
Raramente uma pessoa, quando faz uma escolha, desfaz de algo que vive antes de ter se decidido. Isto  vale para tanta coisa, não seria só para casais que não se entendem... Em qualquer tipo de relacionamento ou até mesmo um trabalho. Se uma pessoa vai deixar um trabalho por ter recebido uma melhor proposta, mesmo sabendo que seu patrão esta satisfeito, ele só vai avisá-lo que se transfere depois de receber respostas concretas do outro novo trabalho. Mas... Se um patrão o despede, ele se amargura culpando o patrão dizendo que não foi leal, sabendo que este só o despediu por ter encontrado outro meio de não precisar mais de você. E' um circulo... 
Um circulo vicioso, tudo roda em torno de você e você sempre será o ultimo a saber da traição. O empregado que perde seu emprego, o patrão que perde seu funcionário, o namorado que perde a namorada ou vice versa, um marido que perde a mulher, a mulher que perde o marido, um amigo traído... Será sempre assim, mas não queria estar fazendo parte de um círculo vicioso da parte do cruel, porque é mesquinho. Quem o faz pensa que o fraco é aquele que está perdendo, mas para mim não é! O fraco é aquele que é desleal. 
Eu me sinto fraca e perdida por estar magoando Júnior. Ele confiava em mim, e não fui disposta a agir corretamente só para não perder o que desejava.
Juliano se tornou tão importante para mim e tudo que aconteceu foi rápido demais. Eu não projetei, tudo isto foi para mim inesperado... Eu perdi a razão. Agora, confio nele, mas quanto eu posso confiar? Foi somente um começo, um encontro de corpos e estou indo para tão longe!
Muitas vezes, para podermos fazer escolhas acabamos caindo nesta rede, como se fossemos encurralados, não encontrando uma saída. Não encontramos esta saída por termos medo de magoar um alguém, que no final, por demorarmos tanto a revelar um erro, acaba sendo muito mais magoado que antes.

  
Uma Janela fechada. Me sinto uma janela fechada para este relacionamento... Para Júnior e para um futuro com ele. Não quero abri-la para ver o sol a cada manhã junto a ele. Eu fechei a minha janela... Todo o meu corpo se fechou. Principalmente meus olhos e por mais que tente abri-lo e procurar o sol em seus olhos, eu não consigo ver toda a sua beleza porque quase nada me atrai, apesar de ainda gostar de seu forte abraço e de seu olhar sorridente e brilhoso.
Tem tanta coisa linda em Júnior... Me lembro uma vez quando ele me disse que se eu quisesse realmente estar junto à ele,  faria de tudo para que isso se tornasse realidade, porque estava me amando. Mas precisava de uma decisão minha, uma resposta do que eu queria para que ele pudesse fazer o que desejava. Não dei valor a isto, não acreditei em nada por sentir ao meu lado um homem tranquilo e silencioso e indeciso.
Não me lamento... Não desejei, não senti vontade de ficar com ele, depois que vi Juliano. Seu modo de ser me atrai muito mais. 
Sempre que estive ao lado de Juliano não sentia falta de Júnior, Juliano, para mim, sempre foi um homem participativo, comunicativo, e envolvente. Ele não precisa falar o que faria... Ele faz! 
Só de olhar em seus olhos, percebo o que ele quer realmente. O que ele quer não influi em o que eu possa querer... Ele quer e pronto! Toma as suas decisões e não vai se certificar o que eu faria para que isto pudesse se desenvolver... Ele faz desenvolver e isto me envolveu a cada dia mais. 
Mas como dizer isto para Júnior? Como dizer que eu ainda o acho infantil em tantas coisas? Como dizer que ele não é um homem decidido e capaz de tomar decisões sozinho? Eu teria que dizer tudo isto com muita calma, mas demonstrar uma fraqueza como esta, nem com toda a minha calma o aliviaria da raiva ou vergonha de ser criticado por uma pessoa em que ele confiava e pensava que o admirava por ser assim. 
Não desejo administrar um homem. Dizer o que ele deva fazer ou não, mudando o seu modo de ser... Quero que este homem saiba agir e fazer desenvolver a nossa história sem que eu tenha de dizer no que tem de mudar. Eu quero somente fazer a minha parte, para que uma história a dois cresça cada dia mais. 
Prefiro ser como um passarinho solitário, em vez de viver algo que eu não consigo me sentir realizada, mesmo tendo dúvidas sobre o que eu escolhi. Eu não sei se Juliano fará realmente parte no futuro em minha vida. Mas sei que a solidão a dois é pior que estar realmente sozinha.


Viagem cansativa... Júnior ainda se sente fraco e agora, está começando a reclamar por estar sentindo muito frio. Sua febre iniciou e está começando a aumentar e por isto o frio o domina. Ele queria me abraçar para se aquecer, desejava o meu calor, aquele que não existia mais... Mesmo assim o abracei, achando que o deixaria sentindo mais frio que antes. Nem meu beijo o aqueceria.
Tínhamos comprimidos no carro para que ele tomasse, mas ao sair ele tinha acabado de tomar um. O efeito estava passando, mas o tempo ainda não nos permitia de fazê-lo tomar outro remédio. Apenas duas horas se passaram por toda a viagem, seria perigoso fazer uso de remédios incontrolavelmente...
- Na minha opinião, ele deve tomar agora. Temos muito tempo pela frente para chegarmos no armazém de seu Filipe e ele pode piorar. 
Falou Lucas dando sua opinião.
- Vida, é apenas uma garganta inflamada e a febre não passa de um aviso, ele não vai piorar... Podemos esperar sim! Isto seria o certo. Não se brinca com remédios.
Falou Letícia recriminando Lucas. Letícia é contra uso de remédios, quase não o usa. Ela prefere o modo natural de cura. Me lembro um vez quando ela dias e dias tomava chá de alho para a cura de sua garganta e quando ela passava perto de mim eu quase vomitava. Eu odeio alho e se Júnior fizesse isto ai sim eu me afastaria dele de vez. 
- Eu não entendo muito de como se deva usar um remédio, mas penso que se deixarmos a febre aumentar, acho que seria pior que tomar antecipadamente um outro remédio. Júnior é adulto e penso que não causaria danos. Lucas esta dizendo que a viagem ainda será longa e não seria bom para Júnior se sentir mal por todo o tempo... Acho angustiante!
Quando falei assim, ele me olhou falando sorrindo por se sentir protegido por mim.
- Não sei o que faria sem você! Na verdade estou muito preocupado e quero chegar logo lá no armazém para ligar para minha avó... Ela saberia o que fazer comigo, quando me sinto mal ela sempre sabe o que fazer.
- Mas o que você está dizendo Júnior? Isto é muito infantil da sua parte. Não penso que você deva preocupar a sua avó por algo assim. Você não está morrendo, não sofreu um acidente, não será preocupando sua avó que tudo vai se resolver, pois ela está longe demais para te curar.
Falei completamente irritada.
- Amor talvez ela saiba o que eu deveria fazer! Ela sempre sabe.
- Aqui também tem pessoas que sabem...  Falar com ela só vai preocupá-la mais nada. Muito infantil! Só falta você ligar para ela para saber como deve se vestir... Porque não ligou para ela quando fazíamos amor? Isto não foi preciso, mas deveria! Deveria porque talvez ela soubesse como fazer amor melhor do que você!
-Olívia! O que está dizendo? Porque ferir desse modo Júnior? Ele só sentiu vontade de receber proteção de quem ele confia.
Falou Letícia chamando a minha atenção pelo meu modo grosseiro de falar.
- Se Júnior ligar para a sua avó, eu não cuido mais dele por nenhum minuto... Penso que ele deveria confiar em mim, mas visto que não confia, deve ser porque realmente não sou confiável. E não sou mesmo, não quero continuar esta nossa história. Neste momento para mim acabou.
Júnior ficou totalmente nervoso com a minha atitude. Sentiu vontade de me acalmar mas me olhava incrédulo.  Queria me abraçar e beijar mas se sentiu envergonhado diante dos amigos, pois quando tentou eu me afastei. Seu olhar dizia: "beija-me amor, beija-me... Você está certa, agora eu tenho você"... Mas eu não o queria e ele sentia isto de mim. Deste modo não o beijei.

Agi de um modo completamente improvisado, inesperado.

Não queria ter agido assim... A raiva me dominou por já sentir desejos de interromper este nosso relacionamento que para mim não funcionava de todas as maneiras. Eu não aceito o modo de ser dele.
Agi como se estivesse destruindo algo que para ele tinha valor, pisando em seus sentimentos ou alguma coisa que ele acreditava que iria crescer fazendo aumentar cada dia mais, como se aumenta uma coleção e naquele momento eu estava destruindo cada pequenos momentos construído que para ele existia sentimento. A sua coleção de esperança e sentimentos estava sendo quebrada ao pisar sem do no seu modo de ser.
Ele estava magoado, mas eu estava vulnerável... Poderia não demonstrar, mas estava. Quem me conhece sabe o quanto sei magoar alguém quando tomo alguma decisão ou algo me irrita. Este meu modo de agir, depois me faz sentir vulnerável porque a fragilidade que existe dentro de meu ser é grande demais e meu modo grosseiro é a minha defesa. Estou agindo assim para me defender por não aceitar em errar. Meu erro me corroí dentro.
Deveria ser Júnior a se sentir assim ferido, ofendido. Talvez esteja se sentindo magoado mas parece que eu não o entendo. Quantas vezes já senti vontade de entender Júnior mas ele não ajuda a dar clareza. Na verdade o não entender influi tantas outras coisas... 
Estou dentro deste carro me sentindo um monstro querendo estar longe de todos.

Longas horas se passaram...

- Eu vou examiná-lo... Mas em casos como estes, tenho a certeza que para melhorar o mais rápido possível, na minha opinião Júnior teria de tomar injeções à base de antibióticos e daqui a dois dias ele estaria bem melhor.
Falou Elisa para nós, enquanto Júnior estava ao telefone conversando com sua avó. Ele não deu nenhuma importância a nada que mencionei. O ameacei dizendo que não estaria mais com ele por me sentir inconfiável e nem assim o intimidou e este seu modo de agir me irritou mais ainda. Demonstrou que o que sente vontade de fazer, mesmo que eu venha a recriminar, ele faria. Me senti mais ainda uma inútil na vida dele. 
Para mim uma pessoa deve fazer algo do modo que quer, quando alguém que ama não interfere, mas se existe uma interferência, acho que deveria pensar e procurar respeitar. O respeito para mim é tão importante!  
Quem sou eu para dizer sobre respeitar... Eu também não soube respeitar... Havia traído e não poderia exigir nada dele. O certo seria ficar indiferente e procurar distanciar a cada instante ao ponto de pensar: "Para mim é igual se você está perto de mim ou não." 



Ele depois que falou com sua avó, se aproximou de nós com um enorme sorriso, como se aquela pessoa pudesse ser a única que o ajudaria. Estava todo agasalhado, sentia frio mas seu sorriso demonstrava o quanto aquele telefonema tivesse sido importante para ele e que agora ele estava tranquilo. Era como se nem ligasse, se eu fizesse parte da vida dele ou não.
Porque sentia este ciúmes? Eu deveria ficar satisfeita por ele ignorar a minha opinião... Sentia como se ele estivesse me apunhalando de frente. Não sei o que é pior... Apunhalar de frente ou nas costas de alguém que deveria na verdade amar incondicionalmente. Um amor para durar dita regras e são poucos que conseguem respeitar e entender o ser que um dia escolheu para estar ao seu lado.


O armazém de seu Filipe tinha de tudo e o bar daquele lugar era até bonito. Estávamos sentados ali aguardando que Elisa o medicasse. Eles foram para um pequeno consultório que ali existia só para pequenos exames e Júnior antes de entrar, retornou e me olhou pedindo que eu o acompanhasse e assim fiz... Depois que Elisa o examinou com um aparelho de respiração, pegou uma palheta de madeira ordenando que ele abrisse bem a boca. Ao examinar falou:
- Realmente a febre estava constantemente alta porque sua garganta esta muito inflamada Júnior.
Posso te receitar anti-inflamatório e antibiótico eficaz, mas na minha opinião o melhor seria tomar logo algumas injeções com doses de antibiótico para que a ação seja mais rápida.
- Mas Elisa, se ele tiver de tomar injeções, lá no sitio não saberíamos como aplicar... Você poderia ir até lá? Acho que se ele tiver de vir aqui, sairia do repouso e isto não seria nada bom! Desde ontem ele está se sentindo muito mal e se abateu com isto, penso que o melhor seria repousar constantemente.
Falei tentando achar uma solução. Eu ainda tenho carinho por ele... Não consigo me desprender.
- Amor eu prefiro tomar remédios... Tenho medo de injeção.
Falou Júnior com temor. Ele ainda me chamava de amor... Tudo que falei antes ele ignorou e acho que é porque gosta mesmo de mim. Talvez depois quando estivéssemos sozinhos, ele falaria sobre a minha ira. Mas não era somente uma ira, era para mim uma decisão.
- Claro que eu posso ir sim lá no sítio Olívia. Para mim não seria nenhum problema... Usaria um medicamento de 24 horas de efeito, assim iria somente uma vez por dia. Não precisaria de muitos dias para se curar.
Falou Elisa. 
- Júnior, você vai tomar injeções mesmo que tenha medo, porque daqui a 5dias você estará partindo para sua cidade. O melhor a fazer é curar de vez este mal de garganta, em vez de estar dentro de um ônibus se sentindo novamente mal.
Falei ordenando de um modo que parecia mais uma mãe que uma namorada.
Fiquei pensando "O que será que faria a sua avó no meu lugar? Daria mel e muitos beijos? Eu não. Em momentos como este sempre fui muito autoritária e exigente. Só faltava ele tornar a ligar para a sua avó só para  saber o que era melhor a fazer.
O olhava e me sentia mal por não conseguir dar carinho para Júnior como ele queria. Não aceitava seu modo de ser que muitas vezes parece infantil, medroso e incapaz de pensar corretamente. No início eu não vi nada disto... Só via o que me alegrava. 
Tem vez que penso que para amar alguém não deveria ser do modo que eu fiz... O não saber esperar se conhecer melhor, para amá-lo de verdade. 
O fazer amor de imediato, não influi tanto para poder conhecer a fundo uma pessoa... Faz parte do amor o tal desejo, mas muitas vezes penso que deveria ser como nos tempos antigos, onde existia o apreciar a personalidade e o modo de ser de alguém primeiro e por um longo tempo... Para depois sentir o explodir de desejos apenas com fortes olhares e muita timidez se tornando totalmente prazeroso estar dia a dia com aquela pessoa. 
Mas atualmente tudo mudou e o sexo vem primeiro para depois se conhecer. Isto faz muitas vezes uma história não ter duração, quando passa a não gostar de comportamentos que nos perturbam e não sabemos aceitar que façam parte deste amor. 


"Pensando agora em tudo que fiz e tudo que desejo, me fez lembrar de um filme que gostei tanto e ao relembrar, me fez sentir vontade de ser assim... Foi um filme que me envolveu demais: Orgulho e Preconceito. 
Nos dias atuais, se agisse daquela maneira, acho que não teria ninguém ao meu lado, todos se afastariam porque encontrariam pouco mais adiante, outra pessoa para o seduzir e nem precisaria pensar em mim... Se pudesse ter nascido naquele tempo eu seria completamente satisfeita em amar alguém como eles amavam. Conhecer primeiro para amar qualquer um de seus defeitos, demonstrando que juntos tanta coisa poderia mudar. se cada um ensinasse razões certas um ao outro. Seria como tecer um enorme novelo de lã e no final ver todo o trabalho pronto e sólido e Difícil de se desfazer! 
  

Desejo ser assim mas na verdade, é por me sentir errada que estou pensando deste modo, como se
procurasse uma desculpa para todo o meu erro. Nem sei mais o que digo, porque o mínimo que poderia ter feito neste atual tempo, era não trair e... Nem isto eu fui capaz de fazer. Agora é inútil me lamentar."
Fugi de meus pensamentos com os gritos de Júnior. Elisa aplicou a primeira injeção que mais parecia uma tortura. Gritava desesperadamente chamando a sua avó. Eu estava vendo uma criança que ainda não foi capaz de cortar o cordão umbilical. Eu não conseguia achar nada daquilo engraçado... Naquele momento só pensava em uma coisa: 
"Como poderia me relacionar com um homem que não demonstra capaz de se sentir seguro, para enfrentar as mil barreiras que na vida encontramos? Eu quero ao meu lado um homem corajoso e seguro, e não um que tenha medo de coisas simples da vida.
Este tipo de atitude é coisa de criança que se assusta com algo que acontece pela primeira vez. Quando uma pessoa é capaz de saber o que é bom ou ruim na vida, deveria simplesmente fechar os olhos para algo que não gosta, relembrando de coisas que a fez feliz... Pensa em uma fruta que vai comer ou a praia que viu. Desse jeito esquece do medo e da dor que está para surgir, porque é como um relâmpago."
Para uma mulher que está iniciando um relacionamento e ainda não sabe bem o que sente, ver uma cena como esta, pensaria rapidamente em não querer continuar. 
As mulheres geralmente além do prazer, procuram homens que possam lhe proteger e não um que parece não ser capaz disto... No fim quem protege somos nós.
 


Me sentia um cãozinho de guarda. Por todo o tempo que Júnior se sentia mal, eu não conseguia sair de perto dele. Achei necessário protegê-lo. Mudei meu comportamento ao chegar no sitio e me preocupava com ele porque ele não melhorava. 
Ele sabia que estava fria com ele e muitas vezes não dava carinho, mas dali eu não saía. Era como se me sentisse culpada o tempo todo. Ele falava pouco... Evitava tocar no assunto que causou a minha distância. Ao acordarmos, sentia suas mãos me tocarem carinhosamente e quando o olhei, ele chorava... Me olhou tentando secar as lágrimas e falou:
- Não quero te perder amor. O que eu posso te dizer é que minha avó é tão importante quanto você. E se eu senti vontade de falar com ela, não era porque você não poderia me ajudar... Era somente para mostrar a ela o quanto eu sinto a falta dela, principalmente se me sinto mal.
Falou carinhosamente me deixando mais ainda constrangida. Não sei se o melhor era ficar calada, mas não me contive...
- Júnior, não é só por isso...
Quando estava para falar o porque de agir daquela maneira, alguém bate na porta do quarto. 
Era Cornélia que depois de longos dias distantes, veio logo nos ver. Mas ela não estava sozinha... Ao lado dela havia Elisa pronta para aplicar a próxima injeção e nas mãos de Cornélia havia um urso com um enorme coração. Era o urso que Juliano tinha me presenteado. Era o meu urso...
Fiquei muito agitada, não sabia disfarçar o meu nervoso quando Cornélia me entregava dizendo que alguém tinha pedido que me entregasse. Falava em voz baixa como se fosse um cochicho e Júnior notou e perguntou:
- Amor mas o que significa isto? Que urso é este? Cornélia me desculpe, mas porque você trouxe este urso e porque estão falando em voz baixa? Tudo isto tem haver com Juliano?
Elisa arregalou os olhos, porque Juliano ela conhecia muito bem. E aquela situação para ela foi inesperada como foi para mim também. 
Tentei falar mas era inútil... Júnior sabia que tudo que estava acontecendo entre nos dois tinha em meio Juliano. Ele se irritou muito, mas com Elisa ali, ele preferiu parar de perguntar quando falei:
- Júnior Depois nos falamos... Agora não! Deixa Elisa aplicar a injeção primeiro.
- Tudo bem, me desculpe Elisa, nem te cumprimentei.... Como vai?
Fala Júnior um pouco sem graça.
- Comigo tudo bem, e agora me deixe examinar você para ver se melhorou um pouco. 
Cornélia saiu do quarto com aquele urso, mas eu fiquei muito nervosa só de pensar na atitude de Juliano. Ele sempre faz este tipo de provocação e eu não gosto deste seu comportamento que  passa por cima de qualquer situação para afastar Júnior de mim... Fui por um segundo lá fora para falar com Cornélia, enquanto Elisa examinava Júnior. O olhei e disse:
- Eu volto logo!
- Eu não sabia de nada bonequinha! Trouxe o urso pensando que fosse seu, que você tivesse comprado lá na Chapada e Juliano apenas tivesse transportado. Imaginei o carro de vocês sem condições de trazê-lo. Juliano não me falou nada, me fez passar vergonha. Misericórdia que vergonha estou sentindo... Que vergonha!
Falou Cornélia completamente envergonhada por pensar de agir incorretamente...
- Cornélia esteja tranquila, não é culpa sua. A culpa é toda minha... Estou fazendo tudo errado.
Falei como se tivesse implorando ajuda.
- Que saudade eu estava de você bonequinha... Como foi o passeio? 
- O nosso passeio foi um desastre, mas eu ajudei a piorar a situação.
Falei tentando fazer com que ela entendesse.
- Como assim um desastre?
- Depois eu te conto tudo. Agora tenho que retornar ao quarto. Júnior está com a garganta muito inflamada e Elisa está medicando desde ontem. Eu vou entrar tudo bem?
- Vai , vai! Eu vou organizar as coisas aqui enquanto isto... Olivia, Elisa esta aqui! Eu preciso... Eu quero tanto falar com ela sobre Rubens.
- Pode deixar que vamos dar um jeito nisto. Isto eu te garanto.
Sai deixando em seu rosto um belo sorriso.


Desejava mais que tudo estar abraçada com o meu ursinho por todo o tempo. Mas não poderia... Deveria escondê-lo. Pensei em deixá-lo com minha irmã, mas aquele ursinho se estivesse ao meu lado, me faria sentir mais ainda a presença de Juliano porque por todo o seu pelo tem seu cheiro... Eu queria dormir sentindo aquele cheiro, eu queria o tempo todo me sentir perto dele, porque estava realmente apaixonada. Era tão bom  o perfume...
Se Júnior soubesse o que fiz, como reagiria? Com toda a sua calma, será que ele realmente iria lutar para que este relacionamento não terminasse? Como reagiria sabendo de uma traição? 
Nunca pensei em vê-lo chorando. Emoções como esta são raras, não podemos ignorar. Eu aqui não faço outra coisa que exalar veneno... Me sinto um ser pequeno.
Eu sei que enquanto um esta chorando por se sentir inseguro, sentir dor... O outro que te trai, poderá esta sorrindo e ignorando a dor existente que fomos nós que causamos... Mas eu não conseguiria. Evitaria até mesmo uma nova aproximação com Juliano, iria embora sem dar um adeus, somente por não querer ferir Júnior outra vez. Usaria todo o meu tempo para procurar esclarecer meu erro de uma maneira não tanto transparente para não ferir. Quero terminar meu relacionamento com muita calma... Seria um pedido de perdão como se tentasse resgatar o respeito por alguém que tem valor. 
Não diria que poderíamos ser amigos porque esta escolha não seria eu a fazer e sim quem sofre consequências. A única coisa que sei neste momento é que não quero sentir a presença de Juliano, em um ambiente que exista Júnior como havia feito antes. Não sairia de perto dele de maneira alguma. Juliano poderia não entender e se afastar realmente de vez e isto confesso que me faria muito mal porque estou apaixonada por ele e o desejo tanto ao meu lado um dia. Ele precisaria compreender este meu comportamento... Não seria eterno! Seria momentaneamente e se Juliano não entende isto, não me merece. 
Júnior para mim é uma pessoa de grande valor. Eu o desrespeitei mas eu não sei tratar como um inseto um ser que me deu somente amor.
Esta é a minha decisão, não vou falar nada do que aconteceu. Será meu segredo e não terei que dividir com Júnior para magoá-lo mais ainda."
- Elisa o que você achou? Ele está melhorando?
- Sim! O que a vida está exigindo dele, está fazendo com que ele melhore a olho visto. A vontade de sair desta cama é grande demais, não é Júnior?
- Sim, é verdade. Hoje me sinto bem e quero mesmo sair daqui, apesar de ter gostado de ver Olívia o tempo todo ao meu lado, que nem um cãozinho de guarda. 
Se a vida esta me mostrando algo que não aceito, terei que compreender para poder aceitar.... Em parte a culpa deve ser minha também.
Falou me olhando profundamente. Foram palavras de uma pessoa muito inteligente e reflexiva. Mostrou para mim que sabe perder mas precisava de respostas. Eu me senti encurralada, pareciam que os dois estavam me encostando contra um muro... Eu ignorei mudando o assunto:
- Quantas injeções ele terá que tomar?
Perguntei.
- Geralmente são sete dias consecutivos, mas visto que está para viajar, faremos apenas quatro dias e depois dará continuação com comprimidos.
- Que bom que melhorou e melhor ainda foi ver que você não gritou, desta vez. Parecia mais corajoso.
Falei sorrindo.
- E' verdade, ele não gritou. Muitas pessoas agem deste modo, sempre com a primeira experiência de algo que tem medo. Depois que vê que não é assim tão assustador, o enfrenta com coragem.


- Você está certa Elisa. Eu sou assim mesmo, tenho medo do inesperado e vivo desejando proteção das pessoas que eu confio. Agora, quando não é a minha avó que me protege, tento buscar em Olívia o carinho que desejo. Nem sei explicar isto bem... Só sei que é assim um pouco animalesco. Olívia pode achar que não, mas eu preciso dela perto de mim, porque ela é uma pessoa forte e decidida. 
Injeções sempre me assustaram e para dizer a verdade eu nunca havia tomado.
Falou um pouco sem graça, por ter agido como uma criança.
- Deveria só fechar os olhos e pensar em algo que você gosta muito, porque é tão passageiro!
Falei ensinando a não sentir medo.
- Não pensei nisto.... Deveria ter pensado em você, amor!
Falou com carinho quando Elisa responde:
- Que modo carinhoso de demonstrar amor. Eu vejo em vocês dois um belo casal... São duas pessoas serenas e isto ajuda muito para tudo dar certo. E Olívia gosta muito de você, Júnior. Podemos ver pelo cuidado que te dedicou.
- Teríamos que sair urgentemente daqui para que nós dois pudéssemos dar certo.
Falou sério e rude. Ele sabia que muita coisa havia mudado e parecia que tentava resgatar algo que para ele ainda era forte demais, sabendo que Juliano estava tentando atrapalhar, mas não sabia que eu já havia atrapalhado tudo.  
Todo o seu comportamento tinha agora uma explicação... Todo o seu silêncio foi para ele um sinal de defesa, mas parece que agora ele não quer mais perder. 
- Bem agora devo ir. Amanhã, venho neste mesmo horário, tudo bem?
Se despediu de Júnior e depois a acompanhei quando perguntei se poderia falar com ela por alguns instantes. Disse que era muito importante.
- Fale! O que houve?
Perguntou surpresa...
Neste momento a puxei para perto do corredor onde não havia ninguém por perto. Lucas e Letícia estavam fora de casa que conversava com Cornélia.
- Elisa é muito sério o que quero te dizer e perguntar. E' sobre a morte de Rubens. Por favor Elisa! 
A família de Rubens é muito infeliz por tudo que aconteceu... Eles sofrem desejando a verdade. Perderam uma pessoa que amavam e imploram a você a verdade.
Elisa arregalou os olhos e demonstrava tanto nervoso que senti seu corpo tremer ao tocá-la.
Me olhou e falou:
- Não me peça isto! Eu não sei de nada. Olívia não se meta nesta história é muito perigoso.
-Porque você tem tanto medo de falar? Uma pessoa que te amava morreu Elisa! Todos sabem o quanto Rubens te amava e você faz silêncio? Isto é absurdo, porque se você sabe deveria falar. Por isto existe a justiça... Ela serve para impedir pessoas a continuar com atos sujos e se você se cala, você se torna cúmplice.


- Quando eu vi você e seu Filipe juntos, pensei que tudo aquilo que você vivia ao lado dele, era por amor... Imaginei vocês cúmplices no dia a dia com grande amor e agora não estou tão errada... Tem cumplicidade sim mas amor não! Este seu modo de agir protegendo e escondendo algo é cumplicidade, mas muito grave Elisa, daria prisão para você se viesse a ser descoberto e não existisse a sua ajuda.
Sonhos destruídos... Vidas destruídas. Quem poderia sonhar com dias felizes vivendo deste modo? Um modo assim tão sofredor. Antônio sofre e seu silêncio o destrói por não conseguir transmitir aos seus, serenidade e alegria.
Falei seriamente e com um tom de voz muito seca tentando assustá-la. Elisa estava precisando disto. Precisava de alguém que a acordasse e ao mesmo tempo prometesse em ajudar.
Aprendi isto com minha avó. Quantas vezes a vi reprimindo a minha mãe na minha frente. Adorava ver o olhar dela... Parecia um coronel e suas armas eram as palavras.
Eu queria deter esta mulher, deveria ouvir as confissões que ninguém nunca conseguiu ouvir e não a deixaria em paz enquanto isto não acontecesse... Nem que tivesse que amarrá-la em uma cadeira, ela não sairia dali sem falar toda a verdade que sabe.. Para mim Cornélia agora é uma das pessoas mais importantes da minha vida e eu queria ajudá-la mais que tudo!
Elisa estava silenciosamente assustada. Tentei tranquilizá-la dando afeto, mas ao mesmo tempo mostrava minhas garras...
- Elisa quanta coisa feia eu ouvi de você depois de semanas que estou aqui... Cheguei a ouvir que você é uma mundana. Eu não consigo acreditar nisto... Quando eu te olho, não consigo ter ver como uma pessoa sem escrúpulos. Sempre me pergunto: Como pode uma pessoa que cuida tanto de outras pessoas ser maldosa? E se Rubens te amou também não poderia ver isto em você. Digo isto porque as pessoas daquela família são pessoas extremamente dignas e bondosas. 
Neste momento Elisa explodiu em um choro incontrolável. Eu não queria que ninguém se aproximasse, assim a puxei para dentro do banheiro porque seria um lugar discreto. 
Tranquei as portas sem que ela pudesse perceber. O banheiro havia duas portas e além de uma delas que era em frente ao corredor, havia outra que ia de encontro à varanda. Não queria que ela escapasse então as tranquei.
- Fale, Elisa, por favor fale nem que seja somente para mim! Eu quero poder te ajudar, confie em mim.
Eu sei que você se envolveu com Juliano bem antes de conhecer Rubens... Por que? Por que Elisa?
Cornélia me contou tanta coisa. Contou, porque os homens envolvidos foram da família dela. E agora, ela sente muita vontade de poder conversar com você, mas Antônio irmão de Rubens, sempre a proibiu. 
Falava e ela estava ainda chorando muito. Passados alguns instantes, ela debruçou seu rosto na janela e começou a me escutar com calma parando de chorar. Percebi que ela estava a pensar porque a via um pouco mais tranquila.
De repente, ela falou:
- Me promete uma coisa, Olivia? Me promete que irá me ajudar... Eu preciso muito de ajuda mas nunca pude confiar em ninguém.
Dentro de mim existe uma verdade escondida e é muito difícil poder dizer o quanto estou envolvida.
Me ajuda, por favor... Te contarei tudo! Tudo se você me prometer em ajudar... Tenho provas escondidas em um lugar que só eu e Rubens poderíamos conhecer.
- Não só te ajudarei, mas toda esta família estará do seu lado... Acredite em mim! São corações sofridos, mas também são sempre muito unidos.

Autora: Aymée Campos Lucas
Aventura de Louco, Todo Mundo quer um Pouco
Parte 1 Capitulo 25
Todos os direitos reservados
Segue capítulo 25 - Parte final 


Para quem desejar ler o inicio do meu livro, este é o Link:


Desde o início que escrevia "Aventura de Louco, Todo Mundo quer um Pouco" falei que queria escrever em torno de 29 a 30 capítulos e pelo visto o que planejei está se realizando. Queria também criar um romance, mas com um pouco de mistério... Quem matou Rubens? (risos)
Para mim se tornou um desafio no início, mas agora é alegria. Muita alegria.
Dedico esta página à todos que acreditam na justiça. Nesta estória teve um crime e nesta Aventura Louca, tem pessoas que ainda acreditam que se alguém erra ou comete um crime não deve estar livre. Tem que pagar.
E se a justiça não faz nada para que isto se realize, chame Olívia que ela resolve, (risos)
Este capítulo continua daqui a alguns dias.



quinta-feira, 28 de julho de 2011

Aventura de Louco, Todo Mundo Quer um Pouco - XXIII

Onde Nasce uma Paixão

E' realmente bom poder entender a si mesma! E' como se alguém dentro de você te alertasse, como se fosse um visitante batendo na porta: "Toc... Toc... Eu curiosa pergunto: Quem bate? E ele responde: E' o seu interior querendo te avisar o que você sente! Sou eu, sou sua mente lúcida! 
Todos me avisaram, até mesmo a minha mãe quis me ajudar a entender, mas somente eu pude sentir, quando algo dentro de mim quis me mostrar.

Eu,  agora, me sinto feliz em me entender, me sinto dentro desta natureza que é só minha e dele, onde sinto seu cheiro por todo instante e que a qualquer momento ele vem me buscar... Eu queria muito que ele viesse me buscar, tenho tanto para falar!


E, assim, a estória continua...
 Segredos... Porque Esconder Algo que Viveu ou que Sabe?
O Segredo Surge Por ter Medo.

- Que delicia estar aqui! Você está gostando, Olívia?
- O que? O que disse? Fala mais alto Letícia, eu não estou ouvindo! 
- Eu te perguntei se você está gostando? Eu estou adorando! Esta mudança de planos foi a melhor coisa que fizemos, sabia? Nunca poderia imaginar de estar em uma discoteca de Cuiabá sacudindo todo o meu corpo.
- Hã? Definitivamente não consigo te escutar. Se quiser falar comigo, vamos ter de ir lá para o bar... Parece que lá no bar tem como conversar.
- Você está louca! Daqui eu não saio de jeito nenhum, eu quero é dançar e esta musica é boa demais! 
Neste momento decidi gritar em vez de falar. Estávamos em uma pista de dança de uma das melhores discotecas de Cuiabá, aproveitando a noite de nossa nova aventura, depois que decidimos mudar os planos e sair da Chapada dos Guimarães por não ter tido como aproveitar o passeio do modo que planejamos. Planejamos tanto e nada ocorreu como planejado. Seria difícil nos aventurar sem a ajuda de um guia que seria Juliano, mas... Eu estraguei tudo.
E gritando Letícia conseguia me escutar:
- COMO VOCÊ CONSEGUE SACUDIR TANTO O SEU CORPO ASSIM, LETÍCIA? EU ACHO LINDO DEMAIS E QUERIA FAZER IGUAL A VOCÊ!
- Então sacode! Olha para mim, tenta observar meus passos e o modo que eu danço. Não é difícil basta você se soltar... Aliás, não fica tentando fazer como eu não. Escuta a musica, deixa ela entrar dentro de seus pensamentos, tenta seguir cada som que você escutar e o transforme em dança. Deve ser assim, sentir a musica! Seu corpo precisa de aprender a sentir cada instrumento tocado, cada ritmo criado na musica. Só assim você vai conseguir. Vai tenta!
- O QUE? EU NÃO CONSIGO ESCUTAR QUASE NADA DO QUE VOCÊ FALA, TEM DE GRITAR COMO EU, PARA QUE EU TE ESCUTE.
Letícia estava me deixando com muita inveja por não conseguir dançar como ela. Me sentia envergonhada por estar em uma pista e não conseguir me mexer. Meu corpo parecia enferrujado como um ferro velho, embalsamado como uma múmia. Eu parecia um gelo em pista daqueles do Polo Norte onde não se derrete jamais se transformando em água, como se fosse um corpo macio. Eu queria, eu desejava mas parecia impossível. Ele era sempre duro como um pão dormido ou muito mais. O meu corpo parecia um tronco de uma árvore um pouco torta, porque o que conseguia fazer, era somente me entortar em vez de dançar. 
E Letícia é diferente de mim...Ela parecia uma onda do mar que em cada um de seus moimentos, tem um ritmo certo. Parecia um pássaro a voar onde a cada batida de asas poderia continuar a dar o seu espetáculo para quem quisesse admirar. Quem a olhasse poderia vê-la como uma pintura em tela, ao paralisar alguns de seus movimentos deixando em memoria, onde cada movimento de uma cena vista, conseguiria ser recriado de um modo justo. E em uma tela é assim... O pintor recria cenas porque existem na memoria para sempre ao ponto de desenhá-la com um pincel. Assim é a minha irmã. Sempre sedutora e em qualquer um de seus passos, tinha seu modo diferente de ser. Por isto que gosto tanto dela. Ela me faz aprender a encontrar o melhor que tem dentro de mim e que antes não via.
E naquela discoteca havia um DJ que fazia a musica se tornar muito mais envolvente. Eu estava adorando estar ali, gostei demais de toda esta nossa mudança de planos, para dizer a verdade estava precisando disto.


Era uma noite dedicada especialmente a Black Eyed Peas, Lady Gaga, PitBull, Ne Yo, Afrojack & Nayer, Jenifer Lopes e raramente surgia uma musica um pouco mais lenta. Uma noite realmente especial e, cada musica que escutava mais sentia uma enorme vontade de desenferrujar todo o meu corpo. 
Tivemos muita sorte de encontrar uma noite assim tão especial. 
Quando entramos, Lucas e Júnior foram logo para perto do bar. Estavam, ali, a conversar, não quiseram vir para pista antes de beberem um pouco. Logo chegariam perto de nós com alguns drinques especiais que tinham ali. Eu escolhi um que tivesse frutas e sabia que quando tomasse, conseguiria me descontrair um pouco mais.
Letícia falava e eu não conseguia entender.
- NÃO ADIANTA FALAR, SERIA INÚTIL PORQUE NÃO TE ESCUTO, AQUI TEM MUITO BARULHO!
Não fazia outra coisa que perguntar o que? O que? Parecia que somente eu que gritava.
Eu adoro discoteca, já tive outras oportunidades de ir em grandes discotecas e, nesta noite, aqui em Cuiabá Lucas nos proporcionou esta bela noite de tanto que Letícia pedia. Ele não resiste aos seus carinhosos pedidos. Ela sabe como fazer isto muito bem.
Foi fácil localizar esta discoteca, porquê Lucas se informou no hotel em que estávamos. Ali, no hotel, uma informação  como esta é muito normal, eles são habituados com pessoas que querem ter uma bela noite na capital. E foi de grande ajuda, porque, aqui, é realmente tudo muito lindo e cheio de vida.
Olhando, mais parecia um teatro porque além da pista enorme na parte de baixo, tinha também duas escadas nas laterais, em que nos levava para a parte de cima da discoteca, onde poderíamos encontrar muitas mesas e um outro bar, só para os clientes mais românticos do tipo que vão na discoteca mas não gostam de dançar  e sim apreciar tudo e todos. Eu acho que meu lugar era lá em cima, mas com Letícia, junto a mim, eu deveria continuar na pista, porque ela não desiste de maneira alguma de fazer o que gosta, tem de ser os outros a acompanhá-la. 
Logicamente o DJ estaria bem perto da pista. O que eu pude observar foi que além de dançar, as pessoas gostam de olhar como ele anima a festa. São tantos que ao dançar, dançam com o corpo virado em direção ao DJ só para olhar o que ele faz. Notei também que ele fala ao microfone com as pessoas e dança, mesmo tendo de estar atento ao que faz. Era como se fosse um camaleão, por todo o tempo mudava seu modo de ser, se transformava a todo instante. Acho que cada musica que ele escolhe, o faz ser diferente. Era muito interessante isto e eu também me virei para poder observá-lo.
Na entrada da discoteca a fila era enorme e teve um momento que senti vontade de voltar par o hotel, era muito desgastante ter que esperar a nossa vez de entrar, estando ali fora.
Lucas falou que através do hotel ele pode fazer uma prenotação, mas nem assim poderíamos entrar logo que chegássemos. Tivemos que dar o nome às pessoas que controlavam a entrada e esperarmos por alguns instantes, mas os instantes não passavam quando de repente ouvimos uma voz gritar: 
- Sr Lucas!
Lucas se animou todo e falou:
- Eu! Eu! Sou eu!
E, assim, entramos para mais uma grande aventura!
- Maravilhosa! Deslumbrante! Vida, isto sim que é paraíso.
Gritava Letícia sem perder o fôlego.
A discoteca realmente tinha seu charme. Havia muitas luzes e refletores por toda a parte que se modificavam seguindo o ritmo da musica. Quando estava dançando, eu não conseguia me concentrar no toque da musica porque queria olhar toda aquela decoração criada por uma pessoa muito capaz.
Por todo o teto havia globos que me seduziam, eu não conseguia deixar de olhar o seus movimentos rotativos e iluminados. 


Eu olhava os globos e a minha cabeça rodava junto a eles me fazendo ver além de tanta luz, toda a parte de cima da discoteca, onde havia várias pessoa debruçadas nas grades que protegia o lugar. Debruçavam para olhar para as pessoas que dançavam ou estavam bobas como eu, olhando para tudo. Era como se quem fosse lá para cima, estivesse escolhendo a pessoa com quem desejava ficar até chegar ao ponto de se divertirem juntos.
Acho que realmente estava precisando de uma agitação como esta. O sitio era maravilhoso mas muitas vezes da vontade de soltar toda a energia contida em nosso corpo e nada melhor que uma discoteca. Aqui tudo também era maravilhoso.
Qualquer pessoa poderia perceber o quanto estávamos alegres. Nossos olhos estavam cintilantes e com muita vontade de beber a tal caipirinha ou um outro drinque que nos deixasse bem alegre. Eu queria dançar e o álcool iria me animar. Eu nunca bebo... Não gosto de beber. Raramente coloco álcool em meu organismo, sempre escutei minha mãe dizendo o quanto fazia mal, então evitava contradizê-la, mas para dançar de verdade com toda esta minha timidez, eu teria que beber ao menos uma dose. Estava perto de pessoas em que confiava, então acho que não seria problema. E caso me sentisse muito mal, teria Júnior ao meu lado para me socorrer. Eu confiava em Júnior.
E assim chegou os namorados para dançar com lindas bebidas preparadas. Peguei a minha que havia um sabor de melão e falei no seu ouvido baixinho:
- Amor era do jeito que eu queria, você acertou.
 Ele carinhosamente começou a dançar perto de mim, todo lento como eu. Parecíamos um casal perfeito para ir ao cinema e não em uma discoteca.


 Em um certo momento em que olhei para cima, querendo novamente observar a decoração da discoteca, eu vi algo que ninguém viu... Eu vi Juliano lá em cima. Estava na parte superior da discoteca debruçado nas grades, observando todos que dançavam ali naquela pista... Na verdade ele estava me observando porque quando o olhei, ele fez um sinal para mim como se fosse um comprimento que se usa no exército para cumprimentar um superior: "As suas ordens Senhor!" Era como se dissesse que estava obediente comigo e aguardava novas ordens.
Eu fiquei calada... Fiz daquilo um segredo. Não achei que poderia ser o momento justo para criar uma situação alarmante no confronto de Júnior. 
Se ele queria ordens drásticas, eu não teria nenhuma ordem para dar, porque o que eu queria neste momento era beijá-lo e se ele quisesse dar qualquer ordens para mim, eu obedeceria como um cordeiro. 
Depois que o vi ali em cima, não consegui ser a mesma pessoa descontraída de antes. Eu ali naquela discoteca tentando me divertir... Mas como poderia me divertir, sabendo que ele estava a me olhar?
De repente me assustei com coisas que comecei a ver e...
"Mas o que ele está fazendo? Para quem ele está olhando agora? Quem é aquela garota do lado dele?


Ela está aproximando dele cada vez mais e agora vai abraçá-lo... Mas não pode! O que ele vai fazer, vai deixar? Ela abraçou...Ai que nojo! Que garota feia! Como ele pode ficar com uma mulher estranha deste jeito? Ela é um grude... E' ela que está tentando tocar nele e parece que ele não quer! Só  de olhar da para ver que é antipática, não gostei dela! Ele não vai ser feliz com esta mulher, não tem nada haver com ele... Não me importa nem um pouco com quem ele esteja ou com quem ele escolheu para namorar. Se ele gosta dela, então que seja feliz e me deixa de uma vez em paz! Mas que ela é feia, isto é sim."


- Porque parou de dançar?
Perguntou Letícia ainda toda animada e assim falei gritando:
- EU ME SENTI CANSADA E QUERIA OBSERVAR TUDO AQUI.
- Amor, eu não estou me sentindo bem...
Falou Júnior. Eu não consegui entender bem o que dizia então falei bem alto:
- O QUE? O QUE VOCÊ DISSE?
Desta vez Júnior tornou a falar gritando como eu, só que eu continuava a olhar o que acontecia lá em cima...
- NÃO ME SINTO BEM, MINHA GARGANTA ESTA DOENDO MUITO E ACHO QUE ESTOU FICANDO COM FEBRE.
- AH... 
Respondi completamente desinteressada sobre o que ele falou, aliás eu nem escutei por estar olhando e vigiando os passos de Juliano... Ao ver o que Juliano fazia me assustei e pensei:
"Ah não! assim não dá certo! Olha só o que ele fica fazendo... Parece que quer me provocar. Ele está deixando ela abraçar e agora está sorrindo com a testa no rosto dela.
Eu queria me aproximar para ver melhor, mas se eu sair daqui ele poderá me perder de vista. Eu estou achando melhor continuar aqui."
Ao ver que ele começou a tocar aquela mulher, senti ciúmes e com toda a minha ira, agarrei Júnior e o beijava ardentemente, mas meus olhos se miravam em Juliano para poder ver a sua reação. Percebi que o deixei muito agitado, parecia que sentia vontade de pular lá de cima. 
- Que beijo!
Falou Júnior  sorrindo para mim e continuou a repetir que não se sentia bem. Neste momento passei a dar mais atenção a ele e quando o toquei, pude perceber que estava muito quente. Júnior estava com febre muito alta, eu sentia só de tocá-lo. De repente sentiu necessidade de sair dali... Júnior não poderia continuar ali, naquele estado. Ele se sentia muito mal e estava querendo respirar outro ar.
Lucas preocupado decidiu ir embora... Letícia  não gostou tanto, depois de reclamar um pouco concordou e assim fizemos... Deixamos toda aquela maravilha que nos envolveu de um modo que ficaria para sempre em memória.


 E Juliano... Eu não poderia vê-lo, não teria como falar e o deixaria ali com uma outra pessoa do lado dele e isto me perturbava. Seria outra vez um novo desencontro.
No hotel, Júnior estava envergonhado só porque a noite foi interrompida antes do previsto e começou a falar:
- Me desculpe pessoal, eu não queria atrapalhar a noite de vocês, mas eu estava sentindo muito frio e fraco. Para falar a verdade eu não via  a hora de poder estar aqui deitado debaixo do cobertor.
Lucas então falou: 
- Que isto amigo, esteja tranquilo... Eu também já estava querendo ir embora... Não gosto muito de discoteca não, quem gosto é Letícia e fiz para agradá-la. O tempo que estávamos na discoteca deu para ela aproveitar bastante, não é amor?
E quem olhasse para Letícia, poderia ver o quanto ela estava decepcionada, mas se calou por saber que todos nos estávamos certos. 
- Amor agora tenta dormir... Isto é passageiro, é somente uma garganta inflamada. Você já tomou o remédio  que Lucas conseguiu comprar e agora vai passar... Não precisa se sentir culpado simplesmente aconteceu um imprevisto, você não atrapalhou a diversão de ninguém.
Ele se acalmou e dormiu...


Comecei a me sentir sozinha naquele quarto de hotel. Senti fome por estar ansiosa e ao mesmo tempo queria falar com alguém... Estava cheia de segredos que me incomodavam, não sabia com quem falar. Como queria que Cornélia estivesse perto de mim neste momento! Com ela, eu poderia falar tudo que sentia mas ela não estava ali para me dar atenção. Não sabendo o que fazer, me deitei ao lado de Júnior  pegando minha agenda para escrever, talvez assim sentiria sono. Foi inútil,  o sono não surgia e a fome aumentava.
De repente o telefone daquele quarto toca, era minha irmã:
" Quer Pizza? Compramos uma para você... Estava indecisa em te chamar, você poderia estar dormindo..."
- Não... Eu não consigo dormir. O silêncio está me incomodando e sentia muita fome.
"Então acertei, vem aqui pegar, ou melhor.... Vem aqui para comermos juntas. Como está Júnior?  Ele conseguiu dormir?"
- Dorme como uma pedra. Acho que o remédio o fez adormecer. Eu acho que só acorda amanhã. 
"Então vem logo"
- Sim já estou indo, vou me vestir.
E assim fiz... bati na porta do quarto de minha irmã, para comer pizza. Estava com muita fome e uma pizza seria a melhor coisa para matar a minha fome. Me senti contente, porque estando com minha irmã, poderia falar um pouco com ela sobre tudo que estava me acontecendo, sobre meus segredos que já estavam na verdade me incomodando e... Talvez ela me escutasse um pouco, talvez ela poderia me dar a atenção que eu precisava naquele momento.
Foi em vão... Não tinha como conversar com minha irmã com Lucas perto. Não queria falar de meus segredos para ele também, era muito pessoal. Os dois estavam muito envolvidos para que ela pudesse me dar a atenção que desejava. 
Fiquei ali perto deles comendo a minha pizza e sentindo aquele calor que os dois me transmitiam. Eles tinham um modo de amar um ao outro que muitas vezes sentia desejo de ter igual... Lucas é muito amoroso com minha irmã e quem está perto deles, sente isto ao ponto de querer um amor assim. E' um amor raro, parece um amor duradouro, um amor para sempre.
- Que pena que Júnior não está aqui com a gente. Tudo que fizemos até agora foi junto a ele, e comer pizza sem a sua presença, me faz até sentir remorsos. Ele estava muito mal. Desde que chegamos na discoteca, ele estava reclamando mas esperamos que vocês se divertissem um pouco, antes de darmos o alarme. Vamos voltar para o sítio amanhã bem cedo, tudo bem? Aqui não está dando nada certo.
Falou Lucas para nós, enquanto comíamos a nossa pizza.
- Não vida, cedo não! Queria tanto dar um passeio aqui por perto com Olívia... Queria olhar as lojas e comprar um vestido... Deixa vida eu fazer isto? Seria a única coisa boa deste passeio... Você me deve isto! Seria somente um breve passeio e enquanto isto você faz companhia a Júnior. Eu quero!
Pedia Letícia com tamanha insistência.
- Mas se ele piorar?
Perguntou Lucas.
- Ele não vai piorar, é só um mal de garganta e já está medicado e também um repouso matinal lhe faria bem.
Falou Letícia toda dengosa, de um modo que ele não consegue dizer a palavra não...
- Tudo bem, mas só pela manhã, não desaparecer...
Respondeu Lucas.
- Ai que bom! Te adoro vida minha... Olivia você vem comigo?
- Sim, eu vou. A que horas devemos acordar?
Perguntei.
- Bem cedo! A gente sai sem tomar café.
Respondeu Letícia.
- Mas assim não Letícia, assim vou sentir fome!
Falei quando ela respondeu:
- A gente faz um lanche em um bar, antes de andar por aí. E Lucas toma café com Júnior. Deste jeito é melhor, para não perdermos a manhã.  
Olhei para Lucas e perguntei:
- Tudo bem assim Lucas? Você não iria se importar?
- Claro que não! Vão e aproveitem. Mas voltem logo porque temos de partir.
Falou sorrindo dando as suas exigências.



Eu gosto de estar perto deles, é muito agradável mas não conseguia esquecer de meus erros. Quanto mais via este casal, mais eu pensava nas coisa que estava vivendo e fazendo transformar em segredos. 
"Porque todos nós procuramos ter segredos? A qualquer momento de nossas vidas, nos encontramos em alguma situação que nos faz esconder algo. Uma pessoa tem segredos, porque tem medo? Mas medo de que? Tem medo de alguma coisa que fez ou viu e... Eu neste momento, sentia medo de ser julgada por estar errando. Eu estava com uma pessoa desejando outra e isto para mim é um erro que não sinto desejo de mostrar para ninguém."
Aquele casal estava perto de mim se divertindo e eu pensando se algum dos dois teriam algum segredo... O que será que poderiam esconder?
"São poucas as pessoas compreensíveis, pessoas que possam entender se outro errar. 
O erro foi sempre visto como um comportamento inadequado, onde quase sempre não tem perdão. Muitas vezes dependendo de um erro, ele pode nos levar a uma prisão se for descoberto. E se não falarmos, seremos nós mesmos a nos aprisionar pelo resto da vida, por ter omitido um erro tão grave. Existe uma frase que diz:"Errar é humano" e será assim que sempre poderemos aprender mais, mas quando um erro envolve outras pessoas, que por sinal é muito normal, por não ter coragem de assumir seu erro, vai omitir criando um segredo que muitas vezes é impossível ser descoberto...
Eu por exemplo já errei tanto e ao ser descoberta me davam um único castigo... A prisão!
Que ironia... Eu vivia na cadeia que minha mãe Helena construía em nossa própria casa. Eu tinha direito de estar ali, mas não poderia abrir as portas desta casa para ver o mundo lá fora como eu queria, ao sair de casa com amigos. 
Dentro de minha casa com toda esta punição, os direitos eram também reduzidos. Não poderia ver a TV e sim ler... Não podia fazer coisas como receber visitas e teria também por quatro horas, aprender alguma tarefa imposta por minha mãe. Se eu cumprisse com os meus deveres ela me libertava depois de um prazo estipulado... Uma semana ou um, dois, quatro, seis meses. Seis meses era o prazo maior. Posso dizer que eram dias tenebrosos, mas pensando bem não eram punições assim tão assustadoras. Eu acho que não cometia erros assim tão graves, para poder merecer mais que seis meses de prisão.
Esta liberdade tão esperada, muitas vezes eu não sabia como lidar com ela do modo que minha mãe tentava me ensinar. Por isto eu errava novamente, abusando desta liberdade que me fazia retornar para aquela prisão. Eu achava horrível, principalmente quando existia feriados como Carnaval, Semana Santa, onde todos os meus amigos se divertiam e eu não podia nem falar com eles. Minha mãe não sentia pena se eu me fizesse de vitima querendo mostrar uma inocência que não existia. Não tinha perdão... Eu teria que cumprir pena. Estar dentro de casa trancada em quatro paredes, desejando ver o mundo lá fora."


Voltei para o meu quarto para tentar dormir e ali continuei a relembrar coisas que vivi...
"Eu ainda sou muito jovem e não tenho filhos... Então não posso dizer o que sente uma mãe quando age assim com seu filho, mas posso dizer o que sinto. Eu sinto segurança... Me sinto totalmente segura. Aquela prisão muita vezes é a minha felicidade. A felicidade de saber que tenho uma mãe que sempre quis me proteger de qualquer perigo. Porque se continuo em um erro por não ter percepção dos perigos, o que poderia acontecer é agravar a situação me engajando em um futuro perdido, um futuro destruído por algo que não soube interromper no passado. E minha mãe consegue fazer isto bloqueando repetições, ao qual ela julgava de ser incorreto.
O que minha mãe sente em fazer isto eu ainda não sei, mas consigo ter um ideia. Acho que ela deve se sentir vigorosa em saber que protegeu alguém que ama muito.
Minha avó sempre me dizia uma coisa quando me encontrava chorando por ter errado... Ela dizia:
"Não se esconda por detrás de outras Olívias... Mostre sempre quem você é, para que todos possam te admirar ou mesmo te odiar caso não gostem de seus atos. Não crie segredos que possam fazer mal dentro de você mesma. Os segredos são erros escondidos. E' algo que nem sempre poderá chegar nos ouvidos de outros e se chegar o que vem é um grande castigo. Se não for sua mãe a te castigar por pequenas coisas, no futuro serão as autoridades que irão te castigar por grandes atos sujos."
Ela falava assim e aquilo me assustava, tinha medo de virar um bandido e por isto eu obedecia todas as ordens da minha pequena prisão.
Minha avo até hoje me ensina tanto... Quando fala comigo, tem sempre um modo de explicar que me faz aprender. Quando eu era ainda criança ela sentia necessidade de me amparar e me vendo triste procurava melhorar a situação dizendo o que pensava de um modo carinhoso. Tinha sempre a mesma frase: "Olívia, recorde sempre disto" e uma destas recordações eu me lembro que ela dizia:
"Quando um alguém é sincero e não tem nada a esconder, é límpido como uma água cristalina, será bem recebido em qualquer lugar e será bem tratado por pessoas que conseguirem entender que seus atos não são falsos. A sua mãe quando te aprisiona, parece ser uma pessoa cruel, mas saiba que em vez, não é! Qualquer pessoa que te amar verdadeiramente será rude e exigente com você. Uma pessoa severa é muito diferente de ser cruel... A severidade te ensina mais rápido, te faz aprender. O coração da gente sente dor por agir assim. Eu como mãe fui muito severa mas como avo não consigo e é por isto que sempre venho para perto de você  para amenizar a sua solidão, sua tristeza, sua dor"
Na minha casa quando criança tinha meu pai que era advogado, mas ele nunca foi o meu defensor, na verdade ele defendia a minha mãe e é por isto que até hoje não entendo porque ele nos traiu... Não sei porque meu pai decidiu afastar de nós para seguir um caminho só dele. Em meus pensamentos, eu tinha a certeza que minha mãe iria com ele para onde ele decidisse nos levar. Qualquer estrada que ele tivesse que escolher, ela iria porque o amava e nós éramos frutos deste amor mas ele se foi... Agora sou eu que não o defendo. O que fiz, foi aprisionar o meu pai dentro de mim, paralisando recordações dele somente da minha infância e sempre me perguntava porque ele agiu assim e isto me fez ser às vezes uma garota rebelde.
Tinha vezes que as minhas punições eram tão severas por ter me comportado erroneamente, que se ela fizesse a minha torta predileta "chocolate com framboesa" eu não poderia nem provar e isto me fazia chorar... A minha avó era sempre a minha aliada e quando isto acontecia ela também chorava e implorava a minha mãe de não ser tão severa, esquecendo que um dia foi assim com minha mãe. Nada adiantava e no outro dia surgia a minha avó, trazendo a mesma torta que preparou para mim, escondida em sua bolsa. Ela dizia que iria fazer um pouco de leitura para mim e minha mãe permitia. A minha alegria era imensa em ver a mesma torta feita com tanto amor só para mim, mas sabia que aquilo era novamente um novo segredo que teria de esconder. Então eu dizia: "Vovó  você esta errando!" e ela respondia: "Mas é por uma boa causa." Falava e sorria.



Que delícia quando podia provar e saborear aquela torta que preparada pela a minha avó, era muito mais saborosa. Ela tinha ingredientes segredos que fazia tudo ser melhor. Este tipo de segredo, posso dizer que são os segredos que levam um alguém a um sucesso em vez de derrota... Segredos de culinária onde ninguém poderá descobrir...
Quando penso, posso perceber que em uma verdadeira prisão é assim...  Te aprisionam para que este ser possa se corrigir e conseguir ser novamente uma pessoa correta e... A cada visita inesperada, tem sempre uma alguém que ao te visitar, traz algo que o prisioneiro gostava tanto.
Eu agora sempre me pergunto porque ainda amo tanto a minha mãe? Nada disto me fez odiá-la... Ao contrario, ela é o meu modelo de pessoa, aquela que desejo ser quando crescer cada dia mais."
Não quero ter segredos que façam me sentir aprisionada... Aprisionada comigo mesma. No meus dias atuais desejo ser límpida, para conquistar o que desejo e o primeiro passo é decidir ser mais clara com Júnior.

Autora: Aymée Campos Lucas
Aventura de Louco, Todo Mundo quer um Pouco
Capitulo 23
Todos os direitos reservados 
Segue capítulo 24


Para quem desejar ler o inicio do meu livro, este é o Link:


Este capitulo terminou, mas os segredos não... Terão segredos que surgem, segredos revelados como por exemplo aquele segredo lá do sítio, sobre a morte do irmão de Antônio.
Criei um cenário um pouco diferente do que todos os personagens estavam vivendo antes... O Embalo de Sábado à noite, para dar um pouco de ânimo na leitura e dizer que estou voltando com toda vontade de terminar este livro. Não está difícil de escrever a estória. O que tem acontecido é que o tempo e algumas situações não tem me deixado estar próximo a um computador.
Boa leitura para você!



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